Controlinveste prepara salto para África e Brasil e vende edifícios

Grupo de Oliveira e Mosquito pretende reduzir a dívida vendendo património avaliado em 40 milhões de euros.

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Greve e vigílias têm marcado as mudanças na Controlinveste Pedro Valente/Arquivo

Vender dois edifícios, conseguir 40 milhões de euros, aliviar a dívida, conseguir uma estrutura mais ágil e tirar o passaporte para três outros países continentes – Brasil, Angola e Moçambique. Esta é, em traços sumários, a estratégia que a Controlinveste Conteúdos, o ramo do grupo liderado por Joaquim Oliveira e pelo empresário angolano António Mosquito, tenciona implementar no espaço de um ano.

A intenção da nova administração da Controlinveste Media, que tem como chairman o advogado Daniel Proença de Carvalho, e Vítor Ribeiro como CEO, é reduzir a dívida, cortar activos que não sejam essenciais para o negócio, dar uma nova formatação às publicações, criar novos negócios, responder ao desafio do digital e entrar em novas geografias.

Neste último caso, apontando na direcção dos mercados brasileiro, moçambicano e angolano, sobretudo pela questão da língua mas, nos dois casos africanos, porque são países onde o sector dos media está em franco desenvolvimento e onde a ajuda do novo accionista do grupo, o empresário angolano António Mosquito, pode ser determinante.

A braços com um processo de despedimento colectivo que pretende reduzir cerca de 160 trabalhadores dos quadros de uma lista de empresas em que se incluem DN, JN, O Jogo, TSF e Global Imagens - e que já deu origem a greves e vigílias -, a Controlinveste Conteúdos quer cortar boa parte da sua dívida de cerca de 50 milhões de euros vendendo os edifícios das sedes do Diário de Notícias, em Lisboa, e do Jornal de Notícias, no Porto.

O grupo calcula que o imóvel lisboeta, localizado no Marquês de Pombal, classificado como Imóvel de Interesse Público, galardoado com o Prémio Valmor, e que integra frescos de Almada Negreiros, possa render cerca de 25 milhões de euros; ao passo que o edifício portuense deverá valer entre 10 e 15 milhões de euros.

Pelo menos em Lisboa, o grupo quer seguir a tendência dos restantes grupos de comunicação social, que progressivamente têm deixado o centro da cidade e concentrado todos os seus activos na periferia – assim aconteceu com a Impresa (mudou para Laveiras), com a RTP (do Lumiar para Chelas) com a Cofina (para Benfica) e com o PÚBLICO (mudou de Picoas para Alcântara). A opção passará por arrendar um espaço para concentrar as publicações e a rádio TSF, que opera agora numa torre na Matinha.

Em Novembro, devido ao escalar da dívida, Joaquim Oliveira cedeu a maior parte da sua quota na Controlinveste a novos accionistas. O empresário ficou com uma participação de 27,5%, o angolano António Mosquito ficou com outro tanto, os bancos credores Millennium bcp e BES receberam 15% cada um e o empresário Luís Montez os restantes 15%. Parte da dívida bancária foi perdoada, outra fatia manteve-se e outra ainda foi transformada em participação dos dois bancos no capital. O grupo recebeu também dinheiro vindo de Mosquito e de Montez, num total de 16 milhões de euros.

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