Ana Drago e Daniel Oliveira com “muita pressa” para disputar legislativas

Militantes do Bloco, Livre e Mas foram ao debate. Houve perguntas sobre os compromissos políticos. “Com que parte do PS?” Ana Drago sorriu, mas não respondeu.

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Reunião da Manifesto reuniu várias figuras da esquerda Nuno Ferreira Santos

Pressa. Muita pressa. Foi neste ritmo que Daniel Oliveira abriu esta quarta-feira ao final da tarde a sessão organizada pela Fórum Manifesto para “Uma governação decente”. Do lado oposto da mesa, mas em sintonia perfeita, na pertença à associação política, mas também na escolha dos verbos e adjectivos, estava Ana Drago, igualmente ex-dirigente do BE.

Duas certezas para já: vai nascer uma plataforma política e eleitoral que se baterá por ir a votos já nas legislativas de 2015. E que entende que é “suicidário” excluir o PS. Um partido? Aderem ao Livre? “Vamos ver como é possível organizar esse esforço. É muito cedo para ver a forma institucional”, disse Ana Drago.

Ambos recorreram ao longo de duas horas à “urgência” do momento actual que o país atravessa para justificarem a necessidade de “uma plataforma política”, da qual o Livre e o PS são parceiros essenciais para “construir pontes”. Um “debate alargado” que não exclui ninguém, mas que não pode ficar à espera, como referiu Drago, de uma esquerda que “sustém a respiração” e espera por “um milagre europeu” ou ainda de uma outra, que acredita que o desmantelamento do Estado Social vai originar uma “ruptura política”. E, portanto, aguarda.

“Isto não quer dizer que aquilo que tenha de nascer esteja disposto a qualquer coisinha”, explicou a ex-bloquista.  “Um caminho difícil, mas acredito que é o único”, disse ainda.

Daniel Oliveira já tinha enumerado os motivos da “pressa”: emigração, falência de empresas, retrocesso da escola pública, segurança social, sistema fiscal cada vez mais injusto. “É para travar e reverter tudo isto que é necessário uma plataforma política e eleitoral à esquerda de quem tem governado. Como vocês, estou com muita pressa”, concluiu Oliveira.

Convicto de que “os compromissos se negoceiam com quem pensa de forma diferente", mas sem ilusões com o PS, “o mal menor” de quem não ignora as enormes responsabilidades dos governos socialistas no estado a que o país chegou.

A sala cheia suspirava por respostas, como se veria logo depois. Na mesa estavam também os economistas José Reis e Ricardo Paes Mamede, assim como a bióloga Filipa Vala. José Vítor Malheiros, jornalista, moderou o debate. Reis e Paes Mamede davam o sinal preciso de compromisso, respectivamente com o Congresso Democrático das Alternativas e com o Manifesto 3D.

Mas houve surpresas com militantes do BE, Livre e Mas na plateia. E perguntas: “Com que parte do PS?” Ana Drago sorriu, mas não respondeu.

Luís Pires, “activista e militante base do Bloco”, como se identificou, quis saber afinal que balanço farão quando daqui a um ano e meio – leia-se legislativas – concluírem que não mudaram a política de António Costa e de António José Seguro. “Não terão então contribuído para enfraquecer o campo da esquerda?”

Oliveira respondeu, mais à frente: “O objectivo não é mudar António José Seguro ou António Costa. Se achasse que o objectivo era esse ia para um psicólogo e não andava no combate político. Eu quero convencer os portugueses que quando digo que quero fazer parte da solução, estou mesmo a falar a sério. Pode parecer uma pequena diferença, mas é grande”.

 

 

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