Jerónimo de Sousa salienta que a saída para Portugal exige ruptura com PS, PSD e CDS

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“Este é um tempo de intensa luta e grandes combates”, disse Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu esta quinta-feira que a saída para Portugal exige uma rutura com as políticas do PS, PSD e CDS, tendo como base uma convergência de "todos os democratas e patriotas".

Jerónimo de Sousa assumiu esta posição no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Económicas (ISCTE), durante o encerramento da sessão de lançamento do tomo V da série "Obras escolhidas de Álvaro Cunhal", referente aos anos de 1974 e 1975 em Portugal.

"A saída desta situação não se resolve com o consenso entre as forças que conduziram o país à degradação económica e social e ao abismo. A saída exige rutura com as políticas de direita e de recuperação capitalista até hoje seguidas por PS, PSD e CDS", declarou o líder comunista já na parte final do seu extenso discurso.

Jerónimo de Sousa especificou que o combate e a alternativa à direita requerem a "luta de massas enquanto factor de valor estratégico no caminho da transformação social" e, por outro lado, "exige a convergência de todos os democratas e patriotas, das forças e sectores que verdadeiramente se disponham a assumir a ruptura com a política de direita".

"A vida continua a confirmar que a resposta aos dramáticos problemas com que o povo e o país estão confrontados só pode ser encontrada invertendo o rumo contrarrevolucionário, pondo termo a quase quatro décadas de políticas de direita e de recuperação capitalista, e com um Governo patriótico e de esquerda", acentuou Jerónimo de Sousa, perante um auditório do Edifício II do ISCTE bem cheio.

De acordo com o PCP, o tomo V das "Obras escolhidas de Álvaro Cunhal" pretende retratar o período entre "o levantamento militar (seguido pelo levantamento popular) do 25 de Abril de 1974 até ao golpe reacionário do 25 de Novembro de 1975".

Na análise histórica aqui feita - e que em parte foi resumida por Jerónimo de Sousa -, o PS liderado por Mário Soares e o PPD de Sá Carneiro estiveram quase desde o início do processo revolucionário envolvidos em manobras de divisão face à unidade "povo MFA (Movimento das Forças Armadas), colaborando mesmo com os sectores reacionários em Portugal e no exterior.

Nesse tomo V, segundo o actual secretário-geral do PCP, "passa uma parte muito significativa e essencial da História da revolução de Abril, escrita por quem, em nome do PCP, se apresentou perante o nosso povo tal como era e anunciando com total transparência e verdade, ao contrário de outros, os objectivos e o projecto de um partido que haveria de desempenhar, no plano da intervenção e acção política, um papel ímpar na revolução".

Em contraponto, o secretário-geral do PCP citou o teor de uma entrevista concedida por Álvaro Cunhal logo em Fevereiro de 1975, na qual o líder histórico comunista já tirava a seguinte conclusão: "Desde o 25 de Abril, o PS tem procurado entravar o processo revolucionário (...) As recentes campanhas de dois partidos da coligação, o PS e o PPD, contra o perigo imaginário de um golpe comunista absolutamente inventado, foram objectivamente a base de uma nova e vasta ofensiva da reacção, fortemente apoiada pela reacção internacional, visando o estrangulamento das forças revolucionárias e mudanças para a direita das estruturas de poder".

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