Uma casa que parou no tempo

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Porta número 167, 2.º andar esquerdo. Mariana voltou lá para não se esquecer da poltrona verde e do tapete que cobre parte do chão, da trepadeira e do avental — e dos azulejos da casa-de-banho, que são iguais aos da cozinha. "Deixei de ir a casa da minha avó em 2010, altura em que ela deixou de morar lá. As memórias que eu tinha daquele espaço, foram recentemente confrontadas com o decalque fiel do mesmo espaço, mas agora vazio. O tempo cronologicamente passou, mas a casa parou no tempo, estando ainda carregada com o conforto da sua essência", escreve a estudante da ESMAE na apresentação da série "O Tempo Que (Não) Passou e o Dia Que Chegou". "A minha ideia de retratar este espaço, veio no decorrer do diagnóstico e fatalidade da doença de Alzheimer que a atraiçoou", prossegue. "Na perspectiva de contrariar a perda da memória que lhe estava inerente", Mariana Santos (1988, estudante da ESMAE) quis "conservar a casa, no registo fotográfico e também no tempo". "A ideia passa por uma visita pela casa, dando a mostrar as divisões e os objectos que eram mais identificativos da sua entidade: uma pessoa altamente católica, e que cedo viveu só. A última fotografia apresenta a porta do prédio fechada, e um rectângulo negro que marca o encerramento da casa, das suas histórias e da vida que ela abrigou." Lá estará para sempre a Bíblia, a banca de mármore e as fotografias de família.