Declarações de Carlos Costa levam acções do BES a valorizar 20%

Acções da Portugal Telecom subiram 3,28%, com renegociação de acordo que beneficia a Oi.

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Instituição liderada por Carlos Costa revê em baixa crescimento económico Jorge Miguel Gonçalves/NFACTOS

As acções do BES, que nas últimas sete sessões estiveram sob forte pressão e atingiram mínimos históricos, fecharam esta quarta-feira com uma valorização de cerca de 20%, para 0,46 euros.

O forte ganho do banco aconteceu depois das declarações do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, sobre o interesse dos accionistas num eventual aumento de capital do banco. “Se algum capital adicional fosse necessário, por força de riscos que neste momento não estamos a ver, seguramente que há accionistas interessados em participar num aumento de capital do BES”, afirmou.

A declaração do governador gerou alguma perplexidade no mercado, porque não se percebe se Carlos Costa tem essa garantia concreta por parte de accionistas, de quantos accionistas estará a falar, bem como o montante e as condições em que estarão dispostos a injectar dinheiro no banco.

Apesar de toda a ambiguidade em torno da declaração de Carlos Costa, as acções dispararam num dia em que se confirmou que a Rioforte, uma holding do Grupo Espírito Santo, não pagou a emissão de papel comercial subscrita pela Portugal Telecom (PT), no montante de apro847 milhões de euros.

As acções do BES estiveram durante toda a sessão em forte valorização e com elevada liquidez, que superou os 124 milhões de títulos transaccionados. Esta animação arrastou todo o sector financeiro, que nos últimos dias tem sido prejudicado pela crise no universo Espírito Santo, com o BCP e o BPI a subirem mais de 5%.

O PS 20 fechou também a ganhar 3,07%, muito acima dos seus pares europeus.

O dia também foi de animação na PT, apesar do incumprimento da Rioforte e da renegociação das condições da fusão da operadora nacional com a OI, com perda de influência para a empresa portuguesa.

A valorização das acções da PT chegou a aproximar-se dos 9%, encerrando com um ganho inferior, 3,8%, para 1,89 euros. A valorização dos títulos, num dia em que se confirmou o não pagamento do empréstimo, pode ser explicado pelas perdas acumuladas nos últimos dias e pela clarificação da situação, no caso a muito provável perda da aplicação financeira de alto risco realizada pela empresa de telecomunicações numa holding da família Espírito Santo, ainda o maior accionista do BES, que tem 10% da Portugal Telecom.

O empréstimo deveria ter sido reembolsado esta terça-feira, mas a Rioforte ainda tem sete dias para regularizar o seu pagamento, uma hipótese que, neste momento, parece pouco provável.

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