Indiciada de ter tentado vender o Daniel, Lígia está impedida de ver os filhos

Não terá havido tentativa de rapto do bebé de 18 meses da Madeira. Antes uma tentativa de venda por 100 mil euros.

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A proposta de adesão ao PAEL foi aprovada com o voto de qualidade do presidente Foto: Rui Gaudencio - PÚBLICO

Indiciada do crime de tráfico de pessoas, por alegadamente ter tentado vender na Madeira, em Janeiro passado, o seu bebé de 18 meses, Lígia, 23 anos, aguarda o julgamento do caso que aparentava ser rapto.

Está impedida judicialmente de aproximar-se dos filhos Daniel, de dois anos, e Mariana, que completa quatro em Agosto. Dias depois de ter deixado o Estabelecimento Prisional da Cancela para ser submetida ao interrogatório da juíza que decretou várias medidas de coacção, não pôde por isso festejar o segundo aniversário do menino que apagou as velas do bolo na companhia do pai e dos avós paternos, no casebre que aguarda melhoramentos prometidos pela empresa pública Investimentos Habitacionais da Madeira, dependentes de problemas burocráticos.

“Estou proibida de me aproximar dos meus filhos. Só posso telefonar”, confirmou Lígia que trocou o casebre do Estreito da Calheta por um outro, com idêntica falta de condições de habitabilidade, na zona alta da pacata freguesia dos Prazeres, onde vive com um novo companheiro, a curta distância da Levada Nova, o trilho onde acabou por ser encontrado o bebé, três dias depois do misterioso desaparecimento.

As janelas, tapadas a blocos, escondem o drama de quem terá tentado vender por mais de 100 mil euros o próprio filho, supostamente a um abastado casal de emigrantes radicados na África do Sul. Cá fora, prosseguem as investigações para identificar o(s) cúmplice(s) da prática de crime de tráfico. E os demorados processos na Segurança Social, no Instituto da Habitação,  no Tribunal da Ponta do Sol e na Comissão de Protecção de Menores para decidir a tutela do menor.

Abandonada aos sete anos, vividos em ambiente de alcoolismo, Lígia está agora sujeita a termo de identidade e residência, proibida da ausentar-se da Madeira e obrigada a apresentar-se regularmente na esquadra da PSP. Deixou de ser capa de revistas e jornais. Também já não aparece nos telejornais, desde que assumiu o papel de protagonista de uma encenação de sequestro desmontada pelo cerco policial e circo mediático que criou à sua volta.

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