BES tem exposição de 1200 milhões a empresas do Grupo Espírito Santo

Banco diz que potenciais perdas não põem em causa os rácios de capital regulamentares.

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O BES tem uma exposição de 1200 milhões de euros a empresas do Grupo Espírito Santo, mas adianta, em comunicado divulgado perto da meia-noite de quinta-feira, que as perdas potenciais associadas a esta exposição "não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital" definidos pela autoridade de supervisão.

O texto refere ainda que os clientes do BES são detentores de títulos de dívida de empresas do universo GES no valor de quase 3100 milhões de euros, sendo 1037 milhões respeitantes a clientes particulares e o restante a clientes institucionais e em custódia no grupo BES.

O comunicado do BES foi divulgado através do sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, depois de a CMVM, ao final da manhã, ter decidido suspender a negociação dos títulos do banco – que acumulavam uma desvalorização superior a 15%. Também a Espírito Santo Financial Group, que detém 25,1% do capital do banco, pediu a suspensão da cotação, com um nível de perdas idêntico ao do banco.

Pressionado pelo regulador do mercado de capitais, o BES veio esclarecer que "aguarda a publicação do plano de reestruturação do Grupo Espírito Santo com vista a poder estimar potenciais perdas associadas à exposicão ao Grupo Espírito Santo".

No entanto, acrescenta, "a comissão executiva do banco considera que as potenciais perdas resultantes da exposição ao Grupo Espírito Santo não põem em causa o cumprimento dos rácios de capital regulamentares.

"A nota refere, aliás, que o BES tem um buffer de capital de 2100 milhões de euros, acima do rácio de solvabilidade core tire 1.

Na conta da exposição ao Grupo Espírito Santo, a principal fatia vai para a Espírito Santo Financière, com 481 milhões de euros em créditos, títulos e outros instrumentos de financiamento. Segue-se a Espírito Santo Panamá, onde a exposição é de 342 milhões de euros. Surge por último, com 224 milhões de euros, a Rioforte, que agrupa as participações não financeiras da família Espírito Santo. Há que acrescentar a este valor os cerca de 300 milhões de euros à Escom, empresa que gere vários investimentos em Angola e que o grupo vendeu à Sonangol.

Entre os mais de mil milhões de euros de títulos de dívida das empresas do GES detidos por clientes do banco, 342 milhões são da Rioforte, 255 da Espírito Santo Internacional e 211 da Espírito Santo Financial Group. Os clientes do banco têm ainda na sua posse 64 milhões de euros em títulos de dívida da Escom.

Numa reacção à controvérsia que a sucessão de Ricardo Salgado como presidente executivo tem gerado, o banco sustenta que os administradores que renunciaram às funções, mas que ainda não tenham sido substituídos, "declaram-se impedidos de participar na discussão e/ou deliberções de questoões relativas ao Grupo ESFG e ao Grupo Espírito Santo".

Salgado, recorde-se, vai ser substituído na presidência executiva do banco pelo economista Vítor Bento, que terá como responsável do pelouro financeiro João Moreira Rato, ainda presidente do instituto que gere a dívida pública portuguesa. O chairman será o deputado do PSD Paulo Mota Pinto.

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