Festival de artes urbanas apodera-se do centro histórico de Viseu

Jardins Efémeros decorrem até 20 de Julho com 205 criadores e artistas e 280 eventos.

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A 4.ª edição dos Jardins Efémeros começa esta sexta-feira Nuno Rodrigues
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Tigerman é um dos convidados Enric Vives-Rubio

Há sons e conversas a ecoarem de mesas suspensas na Rua Direita em Viseu. Mesas que contam histórias de alfaiates, de jogadores da sueca, de ourives... são seis mesas que revelam vivências, ambientes e memórias através do som. Este é o projecto que Pedro Rebelo e Ricardo Jacinto desenvolveram para a edição deste ano dos Jardins Efémeros e que pode ser descoberto, entre muitos outros, neste festival que durante 10 dias cruza em Viseu vários eventos artísticos. Há também corações gigantes, pintados e em origami, que convocam os afectos e as preocupações de uma comunidade.

A 4.ª edição dos Jardins Efémeros começa esta sexta-feira e ocupa até 20 de Julho o centro histórico da cidade. Um evento que convoca artistas locais a desenvolverem e mostrarem as suas criações e reúne outros nacionais e estrangeiros que trazem novas visões. O Festival tem agendado 283 eventos em várias áreas artísticas que vão desde o som, à dança, ao teatro, ao cinema, às artes visuais e à arquitectura.

“Com este programa pretendemos promover a articulação entre artistas locais e internacionais, aumentando a criação e a massa crítica e contribuindo para o enriquecimento da comunidade”, explica Sandra Oliveira, criadora do festival.

“Temos os artistas locais a trabalhar em Viseu e outros que vêm de fora também a trabalhar para Viseu. São outras perspectivas artísticas que aumentam o léxico cultural das pessoas”, realça.

Tudo acontece a partir da Praça D. Duarte, uma praça granítica que pela mão do arquitecto Luís Seixas se transformou numa sala de estar verde e o principal palco de uma cidade que, por estes dias, recebe a maior intervenção artística viva no país.

Na edição deste ano o Som merece maior destaque na programação e Viseu recebe o primeiro simpósio internacional de ecologia acústica Invisible Places com curadoria de Raquel Castro e que reúne mais de 100 investigadores e académicos de 25 nacionalidades.

Mikhail Karikis, Pedro Rebelo e Ricardo Jacinto, Pedro Tudela e Miguel Carvalhais e a dupla Hands on Sound criaram para Viseu peças de arte sonoras para locais públicos.

O espanhol Francisco López fará um concerto imersivo e masterclass no claustro do Museu Grão Vasco. Eric Leonardson, fundador da Midwest Society for Acoustic Ecology (MSAE), produzirá sons únicos na Igreja da Misericórdia graças ao Springboard, um instrumento por ele feito e inventado.

A estes nomes juntam-se os de Ana Bento e Bruno Pinto da Gira Sol Azul, Joana Estêvão e Luís Antero, que orientaram oficinas de som com um público-alvo de várias idades.

Paulo Furtado (Tigerman) e Isabel Nogueira, a Música Portuguesa a Gostar Dela Própria e Luís Antero também marcam presença nos Jardins com três instalações artísticas em locais icónicos da cidade (Casa da Farmácia Pinto, Taberna Boquinhas e Casa Sena, Rua do Arco).

À noite e finais de tarde os concertos percorrem os dois palcos do centro histórico com Paus, Bruno Pernadas, António Cova e os Bordel Ravel, entre outros.

Os Jardins Efémeros assumem-se como um evento que procura reflectir e debater as “cidades invisíveis”. Celebrar a cidade através de expressões artísticas, culturais e de pensamento do que é e pode ser a polis é o desenho dos Jardins Efémeros que conta também com uma forte a componente da arquitectura. Nesta categoria estão incluídas exposições, conferências, curtas-metragens e debate.

 

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