Alemanha expulsa chefe dos espiões americanos em Berlim

Sucessão de descoberta de "toupeiras" dos serviços secretos dos EUA irrita Merkel.

Foto
"É decisivo poder confiar nos aliados”, disse Merkel Thomas Peter/AFP

A Alemanha anunciou a expulsão do chefe dos serviços secretos norte-americanos em Berlim, após a identificação de dois alemães que espiavam para os Estados Unidos. É uma medida rara entre aliados próximos, dois Estados-membros da NATO.

“Foi pedido ao representante dos serviços secretos americanos na embaixada dos Estados Unidos da América que abandone a Alemanha”, declarou o porta-voz do Governo, Steffen Seibert, num comunicado citado pelas agências noticiosas. “Este pedido foi feito à luz da investigação que o procurador-geral está a fazer e as questões que nos últimos meses têm surgido sobre as actividades dos serviços secretos norte-americanos na Alemanha”, explicou.

Na última semana, a justiça alemã abriu duas investigações a suspeitos de espionagem a favor dos EUA. O último caso, revelado na quarta-feira, envolve um oficial das Forças Armadas, que teria sido recrutado pelos EUA. O jornal Die Welt diz que se trata de um militar que chamou a atenção dos serviços de contra-informação por ter estabelecido contacto regulamente com pessoas que trabalham com os serviços secretos americanos.

O primeiro caso levou à detenção de um funcionário de 31 anos do serviço estrangeiro dos serviços secretos alemães (BND) na passada sexta-feira. Este confessou ter passado mais de 200 ficheiros confidenciais a um contacto seu na CIA, a agência de espionagem americana. Este caso, no entanto, será menos grave que o do militar.

A descoberta destas “toupeiras” a trabalhar para os Estados Unidos nos serviços públicos alemães é um novo ponto de crise nas relações entre Washington e Berlim, que sofreram um abalo no ano passado com a revelação de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) espiava até o telemóvel da chanceler Angela Merkel.

“Nestes momentos, que podem ser muito confusos, é decisivo poder confiar nos aliados”, declarou a chanceler, numa conferência de imprensa, antes de ser anunciada a expulsão.

“Esta é uma reacção face à falta de cooperação sentida há muito tempo nos esforços para esclarecer” actividades dos agentes americanos na Alemanha, explicou o deputado alemão Clemens Binninger, presidente da Comissão de Controlo Parlamentar das Actividades de Espionagem, que se reuniu nesta quinta-feira. 

Sugerir correcção
Comentar