Pais de Madeleine McCann dizem que livro de Gonçalo Amaral "é chocante"

Casal McCann prestou declarações durante o julgamento que decorreu no Palácio da Justiça, em Lisboa.

Os pais de Madeleine McCann afirmaram esta terça-feira em tribunal que o livro do ex-inspector da PJ Gonçalo Amaral "é chocante" e foi "uma afronta" para a família da criança desaparecida no Algarve. "Antes e durante a leitura do livro, senti angústia, desespero e raiva", declarou Gerry McCann, pai de Madeleine McCann, que desapareceu, na noite de 3 de Maio de 2007. Já Kate McCann disse que sentiu "desespero por causa das injustiças" publicadas no livro do ex-inspector da PJ, tendo sido "muito doloroso", uma vez que a publicação insinua a participação dos pais no desaparecimento da criança.

O casal McCann prestou declarações durante o julgamento que decorre no Palácio da Justiça, em Lisboa, do processo em que pedem uma indemnização de 1,2 milhões de euros por difamação ao ex-inspector da PJ. Os pais de Madeleine McCann consideraram que o livro, lido por centenas de milhares de pessoas, pôs em causa a continuação da investigação sobre o desaparecimento da filha e levou a que a maioria da população portuguesa acreditasse que a criança estava morta e que tivessem encenado um rapto.

“Quando o processo foi arquivado, ficou claro que não havia prova de que Maddie estava morta e que os pais não eram os responsáveis pela ocultação do cadáver. Depois da publicação do livro, a maioria da população portuguesa não acreditou nisso”, disse Gerry McCann, acrescentando que “espera obter justiça para a Maddie e para o resto da família muito em breve”. Em tribunal, o novo advogado do ex-inspector da PJ, Miguel Rodrigues, tentou mostrar que o casal inglês não está destruído socialmente, tendo em conta a participação em eventos e o apoio de várias personalidade públicas.

No final da sessão, Miguel Rodrigues disse aos jornalistas que “não se justifica esta alegada destruição social”, adiantando que vai analisar o indeferimento do tribunal para que o ex-inspector da PJ preste declarações. Miguel Rodrigues sustentou ainda que Gonçalo Amaral está a ser perseguido. “Parece-me óbvio que há uma perseguição, tudo o que está no livro também está no inquérito. Porque é que o Estado português não foi processado?”, questionou.

Quanto à investigação realizada no Algarve pela polícia britânica, os pais de Madeleine MacCann afirmaram que estão satisfeitos por estar a decorrer uma “averiguação activa”, sublinhando que querem que o trabalho continue até que se descubra a verdade. “Há ainda muito para fazer. É uma investigação muito complexa”, disse o pai.

Neste processo, que já motivou o pedido de arresto de bens a Gonçalo Amaral como medida cautelar, o casal McCann, que considera que foram violados direitos, liberdades e garantias da família, pede uma indemnização de 1,2 milhões de euros ao inspector da PJ que investigou o desaparecimento de Madeleine, ocorrido a 3 de maio de 2007.

No livro Maddie: A Verdade da Mentira, o ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Portimão defende o suposto envolvimento de Kate e Gerry McCann no desaparecimento da criança e na ocultação de cadáver.

As alegações finais, previstas para quinta-feira, foram adiadas, porque os pais da Madeleine MacCann pediram à Autoridade Tributária e Aduaneira informações fiscais sobre os lucros obtidos com o livro, tendo o tribunal aceitado.

 

 

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