Laginha mostra de que é feita a Casa do Mário

Um concerto em trio, um com orquestra e outro com um ensemble. O pianista Mário Laginha toma conta da Casa da Música esta semana e ainda dá palco a um novo talento por ele escolhido: o saxofonista Ricardo Toscano

Foto
Mário Laginha

O convite surgiu há mais de um ano, trazia alguns pressupostos (como o de planear concertos com alguns dos agrupamentos residentes) e ficou logo com datas marcadas. O pianista Mário Laginha aceitou, desta forma, ficar com as "chaves" da Casa da Música, naquela que é a primeira vez que a instituição portuense promove uma espécie de residência artística.

As datas definidas é que poderão não ser as mais convenientes sobretudo para quem partilha o gosto da música com o gosto pelo futebol: “O concerto com o trio está marcado para a noite em que se joga a final do Mundial de Futebol que está a decorrer no Brasil. E eu vou começar o concerto a dizer que tenho respeito, muito respeito, por todos os que estiverem na sala”, afirmou o pianista.

A “Casa do Mário” – assim se chama a iniciativa – vai trazer-nos um Laginha intérprete com ensemble, com orquestra e em trio, e também um Laginha programador, abrindo as portas da sua casa , e dando palco a novos talentos portugueses. O pianista convidou Ricardo Toscano, um jovem saxofonista de 20 anos a ser a estrela do concerto agendado para dia 15 de julho. “Esta oportunidade de programar um concerto deu-me muito prazer. É eu poder dizer: então experimentem lá ouvir este”, provoca Laginha, relembrando a forma como se deixou impressionar pelo seu talento quando o saxofonista tinha apenas 15 anos.

Actualmente, Ricardo Toscano tem 20 anos, e vai trazer para o palco um conjunto de músicos da sua geração. “Foi o que eu lhe pedi. Que trouxesse gente da sua idade. Dá-nos uma óptima sensação, a de que há músicos muito bons em Portugal”, argumenta Mário Laginha, para logo acrescentar uma preocupação extra. “Espero que venha a haver dinheiro na cultura para que pessoas tão boas tenham trabalho. E que os promotores dos festivais nacionais comecem a perceber que não é preciso trazer apenas músicos estrangeiros, porque em Portugal há-os muitos e bons”.

A programação da Casa do Mário começa esta terça feira, dia 8, com um concerto com o Remix Ensemble, em que MÁtrio laginha vai voltar a interpretar "Até aos Ossos", uma das muitas peças que lhe foi encomendada para o Festival de abertura da Casa da Música, em 2005. O concerto com a Orquestra Sinfónica da Casa da Música está agendado para dia 12 de Julho, data em que vai voltar a tocar o seu "Concerto para Piano e Orquestra", mas também o "Divertimento para cordas" de Béla Bartók ( "é uma música" que eu acho que influenciado muitos músicos de jazz", explica o pianista) e ainda o "Concerto em Piano em Fá menor" de J.S. Bach. "Acrescentei esta peça porque me atraia muito a ideia de interpretar Bach, apesar de me aumentar em grande dose a margem de stress", admitiu. 

Se Bach o deixa algo nervoso, o mesmo não se pode dizer da concerto que está a programar com o já referido trio, e para o qual ainda não há, sequer, reportório integralmente definido. "Esse é o lado bom do jazz, as coisas ficam um bocado em aberto. Tenho uma ideia de algumas coisas que vamos tocar, mas não de todas as peças".

Sugerir correcção
Comentar