Universidade de Aveiro quer dar uma ajuda na valorização da bicicleta

Nova plataforma de investigação, que é apresentada hoje, quer apoiar a criação de novos produtos e serviços ligados às duas rodas. Organismo envolve 30 investigadores

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Região de Aveiro é a "campeã nacional" em bicicleta Paulo Pimenta

Os dados dos Census 2011 não deixam margem para dúvidas: a região de Aveiro (mais concretamente os municípios que compõem a sub-região do Baixo Vouga) é a verdadeira “campeã” nacional no que toca ao uso da bicicleta.

Mais de 3,9 por cento dos aveirenses andam regularmente de bicicleta, isto quando a média nacional é de 0,5 por cento. Os dados apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam ainda que mais de metade da população desta região tem uma bicicleta em casa (535 bicicletas por mil habitantes).

E, a partir de hoje, Aveiro será também a sede de um organismo que pretende ajudar os actores económicos e a administração pública a desenvolver projectos inovadores em torno da bicicleta e da mobilidade sustentável. A Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade Suave tem a chancela da Universidade de Aveiro (UA) e conta já com vários parceiros exteriores à academia. É o caso da Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins (ABIMOTA) e da Federação Portuguesa de Ciclismo.

A nova estrutura envolve 30 investigadores da UA – ligados a diversas áreas de estudo – e pretende ser muito mais do que “um novo organismo para fazer investigação aplicada”, sublinha José Carlos Mota, um dos investigadores que coordena a plataforma. “O objectivo passa também por ajudar os actores económicos e a administração pública a desenvolver projectos inovadores nesta área, e a conseguir criar condições para que a bicicleta seja usada cada vez mais nas deslocações dos cidadãos”, acrescenta o docente da universidade aveirense. E, tão ou mais importante do que tudo isto, “pretende-se ajudar os agentes económicos a criar novos produtos e serviços, que também criem emprego”, frisa ainda José Carlos Mota.

Ao nascer numa região que dá também nas vistas pelo facto de acolher grande parte das indústrias do sector nacional das duas rodas, este organismo pretende ainda resolver a “dificuldade de diálogo que muitas vezes existe entre os actores do sector público e os agentes privados”. “É preciso articular esforços entre os vários actores”, evidencia o investigador da UA.

Neste momento, os ventos parecem correr de feição para esta nova estrutura de investigação. Além do tema da bicicleta e da mobilidade em bicicleta estar a assumir um crescente interesse em termos de política pública nacional - o governo publicou o Plano de Promoção da Bicicleta e Outros Modos Suaves 2013-2020 -, há dados animadores que vão surgindo. “Em 2012, venderam-se em Portugal mais bicicletas que automóveis”, nota José Carlos Mota, a propósito dos números que não deixam margem para dúvidas: nesse ano, foram comercializadas 350.000 bicicletas, contra os 113.408 automóveis vendidos. Mais ainda: “a indústria portuguesa está no ‘top’ europeu da produção de bicicletas e acessórios”, vinca ainda o investigador.

Murtosa é lider

A apresentação oficial da Plataforma Tecnológica da Bicicleta e da Mobilidade Suave vai acontecer hoje, a partir das 15.30 horas, naquele que é o município da região, e consequentemente também do país, onde mais pessoas andam de bicicleta: a Murtosa. Segundo os dados recolhidos pelo INE, 16,9 por cento dos habitantes deste concelho usam a bicicleta como principal meio de transporte para irem de casa para o trabalho ou para o local de estudo.

Muito por força dessa forte tradição no uso da bicicleta, o município tem vindo também a destacar-se pela sua rede de ciclovias, bem como no que diz respeito à promoção de eventos ligados ao cicloturismo. Por estes dias - mais concretamente desde ontem e até dia 13 -, este concelho banhado pela ria de Aveiro está a acolher 1.300 cicloturistas, vindos de vários pontos da Europa. Tudo por causa da realização da X Semana Europeia de Cicloturismo, iniciativa promovida pela União Europeia de Cicloturismo e pela Aliança Internacional de Turismo.

Para acolher todos estes cicloturistas, a autarquia teve de criar um centro logístico na Torreira, com mais de 65.000 metros quadrados. O recinto está preparado para receber mais de 360 autocaravanas e mais de 100 tendas. Ao longo da sua estadia no município, os turistas são desafiados a fazer as rotas idealizadas e propostas pela organização – uma por dia -, que mostram o território e o património local: Rota da Ria, Rota da Montanha, Rota do Espumante e do Leitão, Rota do Vinho do Porto e Rota Atlântica. Depois de cumprirem os seus passeios em duas rodas, têm à sua espera várias actividades de animação, nomeadamente vários concertos musicais.

                                                                                    
 

   

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