Figuras obrigatórias

Parece ser um passo em frente demasiado “calculado”.

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É um exercício cinéfilo, certinho, mas algo estéril,

Tudo em Tom na Quinta parece querer dizer “sim, eu sou um cineasta sério e crescido”: adaptação de peça de teatro em regime de claustrofobia psicológica com ressonâncias Hitchcockianas, redução ao mínimo dos tiques e truques pop que o menino-prodígio canadiano Xavier Dolan espalhou pelos seus três filmes anteriores.

E não há nada de mal nisso – é bom ver um cineasta a querer espraiar-se, a experimentar novos caminhos em vez de ficar preso ao que já fez.

O problema, neste caso, é que Tom na Quinta parece ser um passo em frente demasiado “calculado”; esta história de um citadino cosmopolita que o funeral do namorado atira para o meio de uma família literalmente em negação vê a personalidade provocadora do cineasta submeter-se à necessidade de cumprir as “figuras obrigatórias” do autor sério.

É um exercício cinéfilo, certinho, mas algo estéril, ao qual preferimos a desmesura desequilibrada mas sincera do anterior Laurence para Sempre.

 

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