Mais de três décadas depois, a Argélia voltou a ser um quebra-cabeças para a Alemanha

Os alemães conseguiram apurar-se para os quartos-de-final do Mundial, mas tiveram que sofrer muito frente aos argelinos.

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O sportinguista Slimani foi um dos argelinos em destaque Reuters

A Alemanha sobreviveu e a Argélia está fora do Mundial 2014, mas pela terceira vez na história dos confrontos entre as duas selecções os germânicos não conseguiram vencer os argelinos nos 90 minutos. A selecção de Joachim Low sentiu imensas dificuldades frente aos magrebinos, mas dois golos no prolongamento (Schürrle e Özil) garantiram à Alemanha um encontro com a França na próxima sexta-feira, nos quartos-de-final da prova. Djabou, aos 121’, fez o merecido golo de honra argelino.

A história deveria ter servido de alerta para a Alemanha, mas o pragmatismo de Joachim Löw opôs-se aos sinais do passado. O seleccionador alemão desvalorizou por completo o historial germânico contra a Argélia (dois jogos e duas derrotas) e mostrou-se mesmo irritado pelas constantes referências dos jornalistas ao passado entre as duas selecções, que teve como último episódio um confronto no Mundial 1982 onde os argelinos, com um golo de Rabah Madjer, venceram por 2-1: “A maior parte dos meus jogadores nem tinha nascido”, atirou o líder da Mannschaft. Mas se para Löw história é história, o presente mostrou ao seleccionador germânico que 32 anos depois, a toda-poderosa Alemanha continua a dar-se muito mal com a irreverência argelina.

Na quarta presença num Mundial, a Argélia ultrapassou, no Brasil, pela primeira vez, a fase de grupos e, em Porto Alegre, provou aos cépticos que o segundo lugar no Grupo H não se deveu a qualquer intervenção de Alá. Destemida, a equipa comandada por Halilhodzic entrou no Beira-Rio com audácia e na primeira meia hora deixou a Alemanha perdida em campo. O 4x5x1 argelino deixava Lahm, Schweinsteiger, Kroos e companhia sem espaço e linhas de passe e, com a bola em seu poder, os africanos tinham em Slimani, Feghouli e Soudani ameaças constantes a Neuer.

Mas após sobreviver ao atrevimento inicial das “Raposas do Deserto” — nos primeiros 20 minutos os argelinos tiveram três boas oportunidades —, a Alemanha organizou-se e a Argélia perdeu fulgor. No entanto, nos primeiros 45 minutos, o perigo apenas rondou a baliza de M’Bolhi com remates de longe dos germânicos e Neuer teve que sair várias vezes da área para travar os lançamentos longos para os avançados argelinos.

Ao intervalo, Löw organizou as suas peças e a Alemanha voltou melhor. Com Schürrle no lugar de Götze, o meio-campo da Mannschaft ganhou equilíbrio e os germânicos começaram a criar mais perigo pelos flancos. Com o jogo plantado no meio-campo argelino, foi a vez de M’Bolhi, Ghoulam, Halliche, Belkalem e Mandi assumiram o protagonismo e fechar os caminhos da baliza e a Alemanha viu-se obrigada a jogar o prolongamento.

Nos 30 minutos extra chegou o melhor do confronto. Logo no segundo minuto, Schürrle adiantou a Alemanha no marcador, mas os argelinos reagiram bem, obrigando os alemães a sofrer até que Özil, aos 119’, fez o 2-0. Mas o esforço da Argélia, que deixa o Brasil de cabeça bem levantada, seria premiado e pouco depois Djabou fixou o 2-1 final.

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