À procura de vida além Suárez

O Estádio do Maracana é palco do Uruguai sem Suárez contra a Colômbia que se habituou a jogar sem Falcao.

Foto
Luis Suárez REUTERS/Carlos Barria

Se antes do início da “Copa”, um encontro entre Colômbia e Uruguai significaria um embate entre dois dos melhores avançados do mundo, o derby sul-americano deste sábado no Maracana será um teste para ver qual das duas selecções se comporta melhor sem a sua estrela talismã.

A ausência de Radamel Falcao, afastado dos relvados há cinco meses por lesão, não tem sido aparentemente notada pelos “Cafetones”. A Colômbia ultrapassou o grupo C com um pleno de três vitórias e com a maior eficácia em frente à baliza de todas as selecções presentes: cerca de 1/3 das oportunidades golo são convertidas pelos colombianos.

E se o ataque colombiano já leva nove golos, apenas superado na prova pelos dez da Holanda, a muito se deve a acção de um homem: James Rodríguez. Os três golos e duas assistências do colombiano foram essenciais para as aspirações do país e tornaram o antigo jogador do FC Porto, actualmente no Mónaco, o melhor marcador da Colômbia em Mundiais.

Contudo, desengane-se quem pensar que a equipa está dependente do número 10. Juan Cuadrado, da Fiorentina, já leva três assistências no torneio, enquanto Jackson Martínez aproveitou da melhor forma a oportunidade a titular no encontro frente ao Japão, bisando na partida (4-1).

Habitualmente suplente no conjunto de Pekerman, o avançado portista destacou “o jogo importante com o Uruguai para os oitavos, que definirá tudo o que a equipa tem procurado”: os primeiros quartos-de-final da Colômbia em Campeonatos do Mundo.

A expectativa é grande: desde a famosa campanha de 1990, capitaneada por Valderrama, que os colombianos não alcançavam esta fase da competição. “Não há comparação entre a minha geração e esta equipa. Eles têm a oportunidade de conseguir algo que nós nunca conseguimos”, explicou a antiga lenda do futebol “tricolor”.

Na edição nos Estados Unidos, a Colômbia perdeu frente aos Camarões de Roger Milla (2-1), a primeira nação africana então a alcançar os quartos-de-final da prova. Agora, o seleccionador José Pekerman quer fazer história mas sabe que pela frente está “uma das grandes equipas da América do Sul e do Mundo”, composta por “jogadores de muita experiência que, em qualquer circunstância, nunca desistem”.

“O importante é que os jogadores entendam o que a competição exige. Estão com muita confiança, não perdemos o ritmo e, nos momentos difíceis, soubemos nos sobrepor”, exaltou o técnico argentino no final da fase de grupos.

Se a Colômbia já mostrou passar bem sem Falcao, para o Uruguai, a ausência de Luís Suárez será novidade. Os festejos da vitória sobre a Itália (1-0) e consequente passagem da fase de grupos do Mundial, ficaram estragados pelo castigo à principal figura da equipa, muito contestado durante os últimos dias.

O avançado uruguaio, suspenso nove jogos e banido por quatro meses por morder Giorgio Chiellini, tinha, sozinho, recolocado a equipa na rota da qualificação. Um péssimo início da “Celeste” frente à Costa Rica (1-3) foi remendado por uma vitória sofrida no encontro decisivo com a Inglaterra, onde Suárez apontou os dois golos do conjunto sul-americano (2-1).

Em antevisão ao encontro, Pekerman não comentou a influência que o afastamento do jogador do Liverpool poderá ter no desenrolar da eliminatória, referindo-se ao mesmo como um “assunto sensível” e que está “preocupado com o Uruguai enquanto equipa, como um todo”.

“Sabemos os seus pontos fortes, são um adversário formidável, com um treinador muito experiente que já leva oito anos à frente da equipa”, preferiu destacar o técnico da Colômbia, em antevisão ao encontro.

Como o Uruguai vai comportar-se sem Suárez é a grande questão para a partida no mítico Estádio do Maracana. Diego Fórlan, “Bola de Ouro” do Mundial da África do Sul em 2010, já não tem o fulgor doutros tempos, enquanto Edison Cavani, o outro grande nome do ataque uruguaio, tem tido um torneio discreto. O jogador do PSG apontou até ao momento apenas um golo, de penálti, no jogo inaugural com a Costa Rica.

A equipa pode, por enquanto, contar com a história do seu lado: a “Celeste” venceu 18 dos 38 encontros entre ambos os países, contra 11 vitórias dos “Cafetones”, incluindo a última vez que se defrontaram, na qualificação para a “Copa”.

A Setembro de 2013, o Uruguai vingou a derrota por 4-0 no Roberto Melendez Barranquilla, um ano antes, vencendo com dois golos sem resposta a equipa de Pekerman. Suárez ficou em branco e foram Cavani e Stuani a fazer a diferença.

Sugerir correcção
Comentar