Portugueses do escritório Arquitectos Matos na lista da Wallpaper
Irmãos Ricardo e Nuno Matos são os únicos portugueses na lista "The 2014 Wallpaper Architects Directory", que selecciona as 20 melhores práticas emergentes da arquitectura em todo o mundo
O telefonema da Wallpaper no início do ano foi uma bela forma de começar 2014: a prestigiada publicação de arquitectura queria convidar o escritório Arquitectos Matos a candidatar-se a um lugar na lista "The 2014 Wallpaper Architects Directory", que anualmente escolhe os 20 escritórios emergentes da arquitectura em todo o mundo. “Apresentámos o portefólio, depois fizeram uma pequena entrevista e entretanto informaram-nos de que tínhamos sido seleccionados”, contou ao P3 Nuno Matos, o irmão mais novo da dupla de arquitectos.
Naquele momento, ainda não sabiam que tinham sido os únicos portugueses seleccionados para a prestigiada lista, que este ano integra 17 países (Estados Unidos, Reino Unido e Suíça têm dois prémios cada) de quatro continentes. Os trabalhos seleccionados são apresentados a partir da interpretação artística de Richard Kolker, o que deu origem à exposição “Future Capital: The 2014 Wallpaper Architects Directory”, que está até dia 30 de Junho na galeria Two Pancras Square, King’s Cross, em Londres, integrada no evento “London Festival of Architecture”.
A trabalharem juntos desde 2001, os irmãos Arquitectos Matos decidiram montar “formalmente” um escritório em 2010. “Tem a ver com a necessidade de dar resposta ao mercado, tornar a prestação de serviços mais profissional. O escritório apresenta-se de forma mais credível e é uma mais valia”, explicou Nuno Matos, 36 anos.
Na selecção da Wallpaper é destacada a Casa Torrão do Lameiro, uma moradia particular que fica entre Ovar e a Torreira, perto da ria de Aveiro. “O plano para a Casa Torrão do Lameiro, em Ovar, é gerado por árvores existentes no local, a criação de uma composição caótica mas emocionante de ângulos e formas concretas”, interpreta Richard Kolker. É assim mesmo, confirma Nuno Matos: “A geometria da casa é uma consequência dessa implantação das árvores e da nossa intervenção entre árvores, uma geometria de estrela que se enquadra neste terreno.”
Em fase preliminar está um trabalho para uma residência para sem-abrigo em Londres, uma oportunidade que o escritório com sede em Vila Nova de Gaia conseguiu através da rede de contactos que foi construindo ao longo dos anos. “Há em Londres uma política diferente da nossa em relação aos sem-abrigo. Querem criar uma residência de apoio, associado a uma residência temporária e para estudantes”, explicou.
Na calha está também um projecto de remodelação/ ampliação da Casa-Museu Egas Moniz, em Avanca, perto de Estarreja, de onde os arquitectos são naturais. Além de outros projectos do género e vários trabalhos particulares de habitação, o escritório está também aplicado em participar em concursos públicos e pretende em breve lançar-se para concursos fora do país também.
Uma estratégia para escapar à crise portuguesa? “Há cinco anos era mais fácil [arranjar trabalhos]. Sente-se muito esta quebra da crise, as pessoas tem mais duvidas perante o investimento e alguns trabalhos ficaram a aguardar por melhores tempos. Mas temos de cativar mais os clientes e procurar mais.”
