EUA, a "selecção de toscos" com mais experiência em Mundiais do que Portugal

Ambas as selecções têm um 3.º lugar, mas os norte-americanos têm mais participações em fases finais. Nos últimos 20 anos, passaram mais vezes a fase de grupos do que Portugal.

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Os EUA venceram o Gana e empataram com Portugal Jorge Silva/Reuters

Enquanto os adeptos portugueses balançam entre a certeza da eliminação no Mundial 2014 e os trocadilhos motivacionais com a palavra "gana", os norte-americanos entretêm-se a antecipar a festa de um acontecimento que poderá ser surpreendente, mas que não é assim tão raro como parece – a selecção de futebol dos EUA tem mais presenças do que a portuguesa em fases finais e nos últimos 20 anos passou mais vezes à fase dos jogos decisivos.

Para um desporto que rivaliza em popularidade com o golfe ou o ténis nos Estados Unidos, o "soccer" (como lhe chamam lá, para o distinguir do futebol americano) não se tem portado nada mal na competição mais importante do mundo.

Apesar de estar distante das conquistas da selecção feminina (duas vezes campeã do mundo e quatro vezes campeã olímpica), a equipa masculina de futebol dos EUA não é – nem nunca foi – uma equipa de toscos, como muitos adeptos portugueses podem pensar.

Pelo menos a avaliar pelas participações em Mundiais de futebol, o "Team USA" não é mais tosco do que a "Selecção".

É verdade que as selecções norte-americanas nunca tiveram de lutar com potências do futebol europeu como a Alemanha, Itália, França ou Inglaterra para alcançarem um lugar na fase final de um Mundial de futebol. Mas também é verdade que as selecções portuguesas tiveram os "cinco violinos" do Sporting na década de 1940, o imortal Benfica da década de 1960 ou estrelas como Manuel Fernandes, Chalana e Paulo Futre entre as décadas de 1970 e 1990, e nunca conseguiram deixar uma marca permanente na história dos Mundiais.

Ao longo de 56 anos (entre o primeiro Mundial, em 1930, e o Mundial do México em 1986), Portugal qualificou-se apenas duas vezes, com um famoso 3.º lugar no Inglaterra 1966 e uma eliminação na fase de grupos em 1986.

No mesmo período, a selecção norte-americana apurou-se por três vezes (1930, 1934, 1950) e desistiu de lutar pela qualificação em 1938 contra as antigas Índias Orientais Holandesas (a actual Indonésia), por falta de dinheiro para se deslocar a Roterdão, na Holanda. E o sucesso nessas fases finais é comparável ao da selecção portuguesa, com ligeira vantagem para os norte-americanos: um 3.º lugar em 1930 e eliminações na fase de grupos em 1934 e 1950.

Ao Mundial de 1950 no Brasil seguiu-se uma seca de 40 anos, mas a selecção norte-americana já não falha uma fase final desde 1990, em Itália. Desde então, passou por três vezes à fase dos jogos decisivos – aos oitavos-de-final em 1994 (como país organizador); aos quartos-de-final em 2002; e aos oitavos-de-final em 2010.

É um currículo superior ao da selecção portuguesa no mesmo período: depois de 1986, Portugal só voltou a qualificar-se para uma fase final em 2002, repetindo o feito em 2006, 2010 e 2014. Nessas quatro participações, a selecção portuguesa ficou pela fase de grupos em 2002; ficou em 4.º lugar em 2006; e chegou aos oitavos-de-final em 2010.

Ao todo, os Estados Unidos estiveram presentes em dez fases finais e Portugal em seis, e ambas as selecções têm um 3.º lugar no currículo – os EUA em 1930 e Portugal em 1966. Mas, apesar destes números, os EUA ficam atrás de Portugal na tabela da FIFA sobre a história dos Mundiais devido ao maior número de vitórias da selecção portuguesa em fases finais (12 contra 8, contando com os dois primeiros jogos do Brasil 2014).

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