O cinema a quem não tem cinema durante os meses de Verão

Entre Julho e Setembro, o ICA vai levar o cinema português a 40 freguesias do país que, por norma, se não for assim, não vêem filmes.

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O ciclo arranca com o filme da vida de Aristides de Sousa Mendes, O Consul de Bordéus

Ainda longe do que foi idealizado no ano passado, o programa Cinema Português em Movimento, que leva filmes portugueses a localidades fora dos centros urbanos, vai arrancar já na próxima semana.

Não são as  51 localidades que o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, anunciou em 2013 mas sim 40 as freguesias que vão receber estas sessões de cinema gratuitas e ao ar livre.

À segunda edição do Cinema Português em Movimento, o objectivo mantém-se e ganha força, depois do balanço positivo do ano passado. É para levar o cinema português àqueles que tão pouco ou nada têm a nível cultural que este programa do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), foi criado. Para já, Alfândega da Fé, Aljezur, Arganil, Arronches, Borga, Idanha-a-Nova, Meda, Oleiros, Penamacor, Sabugal, Vila Real de Santo António são as câmaras municipais envolvidas no projecto mas a presidente do ICA, Filomena Serras Pereira, espera ver este número aumentar em breve.

“Queremos incentivar a proximidade do ICA à população geral”, disse a presidente na apresentação desta segunda edição, explicando que o Cinema Português em Movimento vai ter este ano 40 sessões divididas por dez fins-de-semana, entre 4 de Julho a 7 de Setembro. E a escolha do Verão para levar isto a cabo não se prende apenas pelas condições meteorológicas, que permitem os eventos ao ar livre, como também pelo facto deste ser um período de férias o que, como explicou Filomena Serras Pereira, “permite que haja um acréscimo de população” nas localidades que recebem a exibição dos filmes.

E os filmes são eles: A Bela e o Paparazzo, de António Pedro Vasconcelos; Amália – O Filme de Carlos Coelho da Silva; Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes; Atrás das Nuvens, de Jorge Queiroga; Cinco Dias, Cinco Noites, de José Fonseca e Costa; Contraluz, de Fernando Fragata; Dot.com, de Luís Galvão Teles; E Depois Havia Barbas, de Rik e Raquel Goddard; Fados, de Carlos Saura; O Cônsul de Bordéus, de Francisco Manso e João Correia; pt.es, de Pedro Sena Nunes; e Mural/Fraternidade É Revolução, de Fernando Galrito.

É com o filme da vida de Aristides de Sousa Mendes, O Consul de Bordéus, que esta segunda edição arranca no Castelo de Sabugal, em Sabugal, no distrito da Guarda. António Robalo, presidente da Câmara Municipal de Sabugal, louvou esta iniciativa, que em muito contribui para o bem-estar e o desenvolvimento da zona. “Não é por estarmos no interior que temos de ser tratados de forma diferente, têm de existir critérios de igualdade para todo o país”, disse o autarca, agradecendo a passagem destes filmes na sua terra.

E se no ano passado, o Cinema Português em Movimento assinalava os 40 anos do ICA, este ano a data comemorada são os 40 anos do 25 de Abril, sendo que cada filme exibido será antecedido de uma curta-metragem sobre o Revolução dos Cravos.

Na apresentação desta edição, Jorge Barreto Xavier fez questão de sublinhar que o facto de muitas localidades estarem desertificadas, não é motivo para que não se invista culturalmente nelas. É por isso que este programa ganha especial relevância, defendeu o secretário de Estado, para quem faz sentido criar formas de chegar às pessoas.

“Estes contactos podem até permitir encontrar caminhos para a fruição cultural”, disse Barreto Xavier, que quer que o Cinema Português em Movimento se solidifique e alargue a mais municípios. “Ao fazer isso estamos a elevar a qualidade geral do país.”

Todo o programa da 2ª edição do Cinema Português em Movimento está disponível online no site criado especialmente para o programa, além de ser possível acompanhar a iniciativa via Facebook 

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