Perto de cem pessoas manifestaram-se em Viseu contra encerramento de escolas

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Perto de uma centena de pessoas manifestou-se neste sábado no Rossio de Viseu contra o encerramento de escolas do primeiro ciclo do ensino básico, que no distrito deverá afectar sobretudo as zonas serranas.

O dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro Francisco Almeida disse que os mais prejudicados serão os alunos que vivem no interior do país, nomeadamente nas zonas serranas de Montemuro, Nave, Gralheira e Caramulo, cujos pais “menos têm e menos podem”, enquanto os filhos dos governantes “frequentam colégios privados na região de Lisboa”.

Entre os manifestantes estavam professores e habitantes de localidades do distrito onde as escolas poderão vir a encerrar, empunhando cartazes com frases como “A melhor escola é aquela que fica perto do colinho da avó”, “Abater uma escola é fechar uma aldeia” e “Não ao abate cego de escolas”.

Francisco Almeida admitiu que até poderá haver encerramento de escolas, desde que sejam cumpridas algumas condições, como "o acordo da população, da Junta da Freguesia e da Câmara”.

“Não resolve o problema o ministério entender-se com o presidente de Câmara. É necessário entendimento com a população, as famílias e as Juntas de Freguesia, que são quem conhece verdadeiramente os problemas que causa o encerramento da escola numa qualquer aldeia”, frisou.

Na opinião do dirigente sindical, estes problemas não podem ser avaliados por quem está em Lisboa ou em Coimbra. Deu o exemplo das crianças de Solgos, no concelho de Castro Daire, que poderão ter de passar a fazer cerca de uma hora de caminho para chegar à escola de Mões, caso de confirme o encerramento da escola de Reriz.

“As crianças de Solgos, para poderem ir à escola, vão ter de andar uma hora de manhã e outra à tarde em transportes. Vão estar com a família só ao sábado e ao domingo”, lamentou.

Esse é o grande receio de Dulce Soares, residente nessa povoação e que tem a seu cargo três netos.

A mulher contou que o neto mais velho, que tem 13 anos e passou para o 8º ano, desde que acabou o primeiro ciclo tem de se levantar às 6h, apanhar um autocarro público, a meio do caminho outro, para chegar a Mões entre as 8h45 e as 9h.

Agora, com a possibilidade de encerramento da escola do primeiro ciclo de Reriz, Dulce Soares teme que os dois mais novos também venham a ter uma rotina idêntica.

“Como é que vão para Mões criancinhas pequeninas no autocarro? Estou revoltada com este governo”, sublinhou.

Francisco Almeida defendeu que o governo tem de garantir “um transporte com qualidade e duração razoável”, considerando que “tudo o que ultrapasse 15/20 minutos é um exagero” quando se tratam de crianças tão pequenas.

As condições das escolas de acolhimento e também “um serviço de refeições que cubra o dia todo” são outros aspectos que considera terem de se verificar para que possa haver encerramento de escolas.

No final da manifestação, Francisco Almeida pediu aos participantes para guardarem os cartazes, porque, “infelizmente, ainda vão ser precisos”.

 

 

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