Messi estraga festa iraniana ao cair do pano

Num jogo em que o Irão esteve muito próximo de provocar nova surpresa no Mundial, um golo do astro argentino, nos descontos, garantiu a qualificação da Argentina para os oitavos-de-final da competição.

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Messi marcou o golo da vitória da Argentina Behrouz Mehri/AFP

Neste sábado, o Estádio Mineirão recebeu o jogo entre a Argentina e o Irão, que ficou marcado pelo golo de Messi já no período de compensação (91’). A persistência da equipa em marcar fez com que a Argentina tenha ficado apurada para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo no Brasil.

Em antevisão ao encontro, Carlos Queiroz partilhou que, se tivesse dez fichas, apostava todas no Irão. Na verdade, o técnico português teria saído de bolsos vazios mas a sua selecção esteve muito próximo de contrariar todas as probabilidades. Num Mundial que ainda na sexta-feira assistiu à vitória da Costa Rica sobre a Itália, antiga campeã do mundo, a selecção iraniana esteve quase a passar a perna à poderosa Argentina e a protagonizar mais uma surpresa.

O seleccionador Alejandro Sabella, que bem tinha avisado como o futebol “é o mais imprevisível dos desportos”, até entrou no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, descartando o 3-5-2, que muita polémica tinha causado no jogo inaugural com a Bósnia Herzegovina, e fazendo alinhar uma equipa mais próxima de agradar ao astro argentino Lionel Messi.

Aliás, a história era clara: a selecção "albiceleste" ganhou sempre que defrontou adversários asiáticos em Campeonatos do Mundo. Foi assim com o Japão, em 1998, e com a Coreia do Sul, em 1986 e 2010, mas o Irão entrou decidido a lutar contra todas as contrariedades.

Duas faltas duras no primeiro minuto de jogo davam a entender que os iranianos estavam prontos para a luta mas o cabeceamento do central Jalal Hosseini ao lado da baliza argentina ao quarto minuto de encontro, foi uma das raras ocasiões em que o Irão se aproximou da área de Sérgio Romero neste período.

O guarda-redes sul-americano foi um espectador num primeiro tempo que os argentinos dominaram por completo, encostando os iranianos à sua grande área, mas onde viram as suas tentativas constantemente barradas por Haghighi. O guarda-redes do Sporting da Covilhã fez bem a mancha à saída aos pés de Higuaín (12’) e negou o golo a Aguero numa boa estirada (22’).

O sufoco argentino vinha de todos os lados e o golo até podia ter assinatura "portuguesa". Na cobrança de dois cantos, Marcos Rojo (24’) e Ezequiel Garay (35’) tiveram na cabeça a oportunidade de inaugurar o marcador.

Desperdiçados ambos os lances, os "albicelestes" continuaram a ter dificuldades para desmontar a estratégia montada por Carlos Queiroz e o intervalo chegou, não sem antes Jalal Hosseini, novamente de cabeça, ter estado muito próximo do golo (41’).

Depois de um primeiro tempo em que Javier Mascherano, a cumprir este sábado a sua centésima internacionalização pela Argentina, sozinho, realizou mais 11 passes do que toda a equipa do Irão, engane-se quem pensava que os iranianos voltavam para estacionarem o autocarro.

Ignorando as estatísticas que diziam que dez dos últimos 11 golos sofridos pelo Irão em Campeonatos do Mundo ocorreram na segunda parte, a equipa de Carlos Queiroz estendeu-se no terreno à procura de fazer história: a selecção do médio oriente nunca conseguiu mais do que três pontos em Mundiais e, com um ponto já somado no Brasil, uma vitória significaria um recorde.

Aos 52 minutos, Shojaei organizou o contra-ataque, Montazeri assistiu e o avançado Reza Ghoochannejhad, em antecipação a Fede Fernandéz, cabeceou para defesa de Sérgio Romero, e, pouco depois, Dejagah caiu na área argentina derrubado por Pablo Zabaleta mas o árbitro Milorad Mazic mandou seguir. Uma decisão errada do juíz sérvio do Alemanha-Portugal e que motivou muitos protestos do mais internacional dos jogadores iranianos.

Na bancada, Diego Maradona assistia à tremida exibição argentina e ao apagado Lionel Messi que, com uma hora de jogo, apenas de bola parada ameaçava as redes da baliza de Haghighi.

Seria a estrela iraniana, Dejagah, que voltaria a estar em evidência. Aos 67 minutos, o jogador do Fulham ganhou muito bem a posição a Zabaleta e, de cabeça, obrigou Sérgio Romero a realizar a melhor defesa do encontro.

A apenas 15 minutos do final do encontro, Sabella e Queiroz mexem pela primeira vez nas equipas. O técnico argentino retira do campo Aguero e Higuaín e coloca Lavezzi e Palacio. O português substitui Dejagah por Alireza que, aos 86 minutos, lançou Ghoochannejhad para, isolado, voltar a ver o guarda-redes argentino negar aquele que seria o maior feito do futebol iraniano em Mundiais.

A Argentina continuava a pressionar nos minutos finais mas durante 90 minutos faltou criatividade para romper com a defensiva do Irão. E quando tudo parecia apontar para uma nova surpresa e o terceiro empate sem golos da competição, é então que, pela primeira vez na história dos Campeonatos do Mundo, a Argentina ganha um encontro nos descontos: Lionel Messi, de fora da área, depois de retirar do caminho o seu oponente com um drible de corpo, coloca de pé esquerdo a bola no fundo das redes de Haghighi.

A “armadilha” montada por Queiroz caiu por terra com um golo de belo efeito do argentino, o seu segundo no Mundial, novamente a esconder uma exibição menos conseguida dos albicelestes e do próprio astro.

Com esta vitória, a Argentina é a sexta selecção a garantir a qualificação para os oitavos-de-final do Mundial no Brasil. Ao Irão, resta o jogo com a Bósnia na última e decisiva jornada do grupo F para passar pela primeira vez da fase de grupos da prova. Texto editado por Jorge Miguel Matias

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