Vereador da CDU recusou votar a favor da atribuição da Medalha de Honra da Cidade a Rui Rio

Ex-presidente da Câmara do Porto vai receber a Medalha de Honra da Cidade

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Rui Rio Fernando Veludo/NFactos

Estava tudo a correr bem. Os vereadores da Câmara do Porto tinham decidido que iam votar em bloco, por categoria, a atribuição das medalhas da cidade, e já quase todas tinham sido aprovadas por unanimidade quando o vereador da CDU, Pedro Carvalho, pediu uma alteração de método. Só faltava votar a atribuição das três medalhas de Honra da Cidade e o comunista afirmou que não iria votar a favor da homenagem a Rui Rio.

Pedro Carvalho disse que a posição da CDU não estava relacionada com a gestão do ex-presidente da câmara, mas com o timing da homenagem e com “traços de personalidade” de Rui Rio. “Vou pedir o voto separado em relação ao nome de Rui Rio, porque este é um caso específico”, disse.

O comunista acusou, depois, o anterior presidente da Câmara do Porto de ter “relações de agressão e crispação em relação às forças vivas da cidade” e de alimentar “um estilo autocrático, prepotente e de cessação de direitos”. “São traços de personalidade que não nos podem levar a votar favoravelmente esta medalha”, disse.

A posição do vereador provocou críticas de todas as outras forças políticas, começando logo com o presidente da câmara, Rui Moreira. Apesar de considerar a posição do vereador como “legítima”, o autarca garantiu que ela punha em causa a manutenção, no futuro, do método utilizado este ano na escolha dos medalhados. Porque, garantiu, o nome proposto pelo PCP - de Avelino Gonçalves - também poderia ser citado “quando se fala de políticas totalitárias e anti-democráticas”, disse.

Rui Moreira lembrou, depois, que, no primeiro mandato, Rui Rio só governou em maioria porque atribuiu um pelouro ao vereador da CDU da época, Rui Sá. "Parece que o PCP está a tentar ocultar à cidade que durante quatro anos fez parte da maioria. Esta câmara foi governada por uma coligação em que estava o PSD, o CDS e a CDU”, afirmou.

Manuel Pizarro (PS), Amorim Pereira (PSD), Sampaio Pimentel (CDS-PP) e Ricardo Valente (PSD) também criticaram a posição da CDU e recusaram atender ao pedido de Pedro Carvalho, para que o nome de Rui Rio fosse votado em separado. “Ou fazemos isto com a grandeza e a natureza tolerante que caracteriza o Porto ou fazemos isto como ajuste de contas”, defendeu Manuel Pizarro. Sampaio Pimentel lembrou que Rio “foi o presidente com mais tempo em exercício na história da cidade do Porto” e Amorim Pereira, assumindo a discordância com o ex-autarca do PSD, afirmou: “Nunca me recusaria a votar uma medalha a um ex-presidente de câmara”.

As palavras que mais afectaram Pedro Carvalho foram, contudo, da vereadora Guilhermina Rego que, reagindo às palavras de Manuel Pizarro, afirmou que atitudes como a do comunista “revelam alguma pequenez, alguma estupidez”. O vereador considerou que a vice-presidente o tratara por “estúpido” e não gostou.

Perante a recusa em votar separadamente o nome de Rui Rio e para não ser obrigado a votar, também, contra a atribuição da Medalha de Honra da Cidade ao poeta e político Vasco Graça Moura e ao empresário Gilles Zeitoun, Pedro Carvalho optou por não votar este bloco de medalhas, mas exigiu que ficasse expresso em acta que o fazia porque queria votar contra a homenagem a Rui Rio. Posteriormente, a proposta foi votada por unanimidade pelos outros membros da vereação.

Durante a discussão sobre a atribuição de medalhas a vereadora socialista Carla Miranda lamentou que a sua proposta para que, este ano, fosse atribuída uma Medalha de Honra da Cidade ao presidente do FC Porto, Pinto da Costa, tivesse sido recusada. “Não entendo o adiamento da atribuição da medalha a Pinto da Costa. Seria um acto simbólico de agradecimento da cidade”, disse a vereadora, considerando também que esta seria uma boa forma de pôr um ponto final nos conflitos que caracterizaram a gestão de Rui Rio com o clube.

As medalhas municipais vão ser atribuídas numa cerimónia agendada para 9 de Julho.

 

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