As "lições" que a goleada ensinou

Portugal entrou da pior maneira no Mundial 2014 e está agora obrigado a corrigir o caminho nos próximos dois jogos. Para assegurar a passagem aos oitavos-de-final, Paulo Bento terá de tirar algumas ilações da exibição portuguesa.

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A Alemanha conseguiu anular Cristiano Ronaldo Jorge Silva / Reuters

Uma goleada é sempre um momento que se pretende esquecer o mais rapidamente possível e a estreia a selecção portuguesa no Mundial 2014 não é excepção. Mas há vários aspectos da partida que devem ficar para memória futura, sobretudo para os próximos dois jogos, cuja vitória é praticamente obrigatória para que as aspirações portuguesas se mantenham.

1. Colmatar ausências
As lesões de Hugo Almeida e de Fábio Coentrão aliadas à suspensão de Pepe vão obrigar Paulo Bento a fazer mexidas no “onze” inicial, que vai defrontar os EUA, a 22 de Junho. Durante o jogo, o treinador português deu a entender que vai apostar em André Almeida e em Ricardo Costa para as vagas na defesa e em Éder para ocupar a posição de ponta-de-lança. A entrada do avançado do Sporting Braga até acabou por dar maior mobilidade ao ataque português e deverá ser essa a opção para o próximo desafio. No eixo mais recuado, Paulo Bento terá, necessariamente, que fazer acertos. Se calhar ainda bem, porque Pepe e Bruno Alves estiveram muito pouco coordenados, não parecendo a dupla de centrais que já se conhece há vários anos.

2. A “Ronaldo-dependência”
A recuperação de Cristiano Ronaldo foi uma boa notícia para o jogo com a Alemanha. O Bola de Ouro não mostrou problemas físicos e quer claramente assumir o papel de elemento mais preponderante. O problema é que os adversários também o sabem. Uma equipa muito bem organizada como a Alemanha conseguiu quase sempre cortar qualquer possibilidade de recorrer ao extremo do Real Madrid, que aos 40 minutos era o português que menos tinha tocado na bola. E os seus companheiros demoraram a perceber isso. A solução ofensiva preferencial será sempre a capacidade de Ronaldo, mas é necessário haver alternativas.

3. Falta de ritmo
Tudo nos mecanismos da selecção portuguesa foi muito mais lento do que entre os alemães. Se é verdade que os minutos nas pernas desgastam, também é verdade que dão um à-vontade em campo que nem os treinos nem os amigáveis podem substituir.

4. Meio-campo frágil
Paulo Bento optou pelo meio-campo clássico que tem feito alinhar na selecção: Miguel Veloso, Raul Meireles e João Moutinho. Mas o jogo contra a Alemanha colocou a nu a dificuldade que estes três elementos tiveram para ligar os eixos defensivo e ofensivo. Frequentes foram também os passes errados e houve, sobretudo, demasiada lentidão em acompanhar a dinâmica alemã, sempre que carregava um pouco mais no acelerador. Os próximos dias podem ser úteis para Paulo Bento ensaiar novas soluções no miolo.

5. Recuperação psicológica
O sucesso é um misto entre a qualidade técnica e mental. No primeiro capítulo, Portugal é superior aos próximos adversários, mas para que essa capacidade seja efectiva é necessário que o grupo recupere da pesada derrota. A pressão para o encontro com os EUA vai ser acrescida e o próprio Paulo Bento reconheceu isso. Os próximos dias vão ser cruciais para que o moral entre os jogadores seja reposto e, sobretudo, que perante as adversidades à reacção seja positiva. Algo que não se viu frente à Alemanha.

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