UGT acusa CGTP de ser "organização autofágica"

Carlos Silva afirma que a Intersindical permanece amarrada ao partido comunista mais ortodoxo da Europa e ao princípio do "quanto pior melhor".

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Carlos Silva Daniel Rocha

O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva, acusou neste sábado, em Vila Nova de Cerveira, a CGTP de ser uma "organização autofágica, amarrada a princípios político-partidários e assente numa política de destruição".

Segundo Carlos Silva, a CGTP "é uma organização autofágica". "A autofagia é uma coisa parecida com canibalismo, mas são aqueles que se comem a si próprios, que se destroem por dentro, que põem em causa o mérito do seu trabalho, porque é de sindicalistas e de sindicatos que estamos a falar, que têm todos uma mesma virtude que é defender os trabalhadores", afirmou. 

"Mas, quando se deixam amarrar por princípios político-partidários em que há um partido, o PCP, o mais ortodoxo de toda a Europa Ocidental, que faz da sua política uma política de destruição, de separatismo de sectarismo, de oposição a tudo o que é unidade e, sobretudo, de rejeição da convergência - a não ser que a convergência lhes dê jeito -, então como é que os trabalhadores se podem sentir confortados?", questionou o líder da UGT, no encerramento do congresso distrital da UGT de Viana do Castelo.

A acusação, explicou Carlos Silva, surge na sequência das reuniões de concertação social em torno das propostas de alteração da lei da contratação colectiva, após a decisão do Governo de abdicar do último reembolso do programa de assistência financeira.

"A UGT foi acusada de fazer parte de uma nova troika. Rejeito liminarmente este tipo de acusação", sustentou.
Adiantou que "para fazer uma guerra é só necessário estalar os dedos, mas para se construir a paz é muito complicado e uma negociação e um compromisso é um caminho para a paz, para a articulação de vontades".

Carlos Silva afirmou que a UGT não faz "trabalho sujo", nem quer o desemprego dos trabalhadores.
"Nós queremos que as empresas sejam viabilizadas. Que os trabalhadores tenham salários ao fim do mês. Nós queremos combater o desemprego, queremos que jovens possam ficar em Portugal e possam trabalhar. Isto chama-se compromisso responsável", afirmou.

Na semana passada, a CGTP acusou o Governo, a UGT e as confederações patronais de terem acordado alterações à legislação laboral que levam à destruição da contratação colectiva e à retirada de direitos aos trabalhadores.

 Este sábado, Carlos Silva afirmou que "a UGT não rejeita a convergência e defende os trabalhadores da melhor forma que pode e sabe, com seriedade, não lançando os trabalhadores para guerras inúteis". "Há quem queira um chamado 'princípio de quanto pior melhor', não é o nosso caso. Nós preferimos ser honestos e sinceros e dizer que este caminho é difícil, mas temos que o trilhar. É o caminho da convergência, do compromisso, das soluções negociadas e não impostas", argumentou.

Para o secretário-geral da UGT, a "imposição só existe em ditadura e já chegaram 48 anos de ditadura em Portugal", disse, realçando que quer "viver em democracia". A UGT "tem um espírito construtivo", assente "na vontade colectiva", porque "é através da contratação colectiva" que são possíveis benefícios sociais ou a negociação dos salários.

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