Um dos maiores elefantes africanos foi morto, 20 mil desapareceram em 2013

Relatório indica que níveis de caça ilegal continuam "assustadoramente altos" e a exceder as taxas de crescimento da população de elefantes.

Fotografia de Satao quando vivia no  no Tsavo East National Park
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Fotografia de Satao quando vivia no no Tsavo East National Park Tsavo Trust
Pela primeira vez, o número de apreensões feitas em África excedeu as da Ásia
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Pela primeira vez, o número de apreensões feitas em África excedeu as da Ásia MARCO LONGARI/AFP

Aquele que era conhecido como um dos maiores elefantes no território africano foi morto com setas envenenadas. O corpo de Satao, de 45 anos, foi encontrado numa reserva no Sul do Quénia. A morte terá acontecido no dia 30 de Maio, mas o anúncio só chegou agora pela mão da organização para a protecção da vida selvagem Tsavo Trust. A notícia chega após ter sido conhecido o mais recente relatório da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites).

Satao era conhecido pelas suas enormes presas e considerado um dos paquidermes “mais emblemáticos e queridos”, como o relembra a Tsavo Trust no comunicado onde anuncia a morte do animal. “É com uma enorme tristeza que confirmamos, sem qualquer dúvida, que Sato morreu, assassinado por um caçador de marfim com flechas envenenadas para alimentar a insaciável procura por marfim nos países distantes. Uma grande vida perdida para que alguém ao longe possa ter um bibelot em cima da lareira”, escreve a organização sem lucros que opera na região de Tsavo.

O corpo do elefante foi encontrado no Tsavo East National Park, sem grande parte da cabeça, habitualmente decepada pelos caçadores para retirarem depois as presas, mas a organização conseguiu identificar Satao pelas suas orelhas. O elefante vivia numa reserva com cerca de mil quilómetros quadrados, uma área difícil de manter sempre sob vigilância.

A morte de Satao aconteceu poucos dias antes de ser publicado o mais recente relatório da Cites sobre a sobrevivência dos elefantes em África. Segundo o relatório, mais de 20 mil destes animais foram mortos no ano passado, um número elevado mas ligeiramente inferior aos registados em 2011 e 2012. Mas a Cites sublinha que os “níveis de caça ilegal continuam assustadoramente altos e a exceder em muito as taxas de crescimento da população de elefantes”.

O organismo concluiu ainda que houve um aumento nas apreensões de marfim (remessas de mais de 500 kg) e que essas apreensões ocorreram antes das presas saírem do continente africano. “Pela primeira vez, o número de apreensões feitas em África excedeu as realizadas na Ásia”, indica a Cites. Quénia, Tanzânia e Uganda registaram 80% dessas operações, que indicam que o crime organizado transnacional está envolvido no negócio ilegal de marfim.

"Os elefantes de África continuam a enfrentar uma ameaça imediata à sua sobrevivência devido níveis elevados de caça ao seu marfim e, com mais de 20 mil elefantes abatidos ilegalmente no ano passado, a situação continua dramática. Devido aos esforços colectivos de muitos, também vemos alguns sinais encorajadores, mas a experiência mostra que as tendências de caça furtiva podem mudar drasticamente e rapidamente, principalmente quando o crime organizado transnacional está envolvido", observou o secretário-geral da Cites, John E. Scanlon.

Através do programa Monitorizar a Morte Ilegal de Elefantes (MIKE, na sigla em inglês), que recolheu dados de 51 locais no território africano, a Cites revela que foi possível apurar que 17 mil elefantes foram mortos ilegalmente em 2011, 15 mil em 2012 e 14 mil em 2013. “Extrapolando estes dados a nível continental, mais de 25 mil elefantes podem ter sido caçado por toda a África em 2011, mais de 22 mil em 2012 e mais de 20 mil em 2013”.

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