A cópia de Rembrandt afinal é um original e vale milhões de euros

No Reino Unido, um auto-retrato foi autenticado como sendo um Rembrandt. É a primeira obra do mestre holandês da colecção pública britânica.

A obra está exposta ao público
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A obra está exposta ao público DR/Steven Haywood
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A pintura a ser analisada DR/Brian Cleckner
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Ernst van de Wetering ao lado do auto-retrato DR/Brian Cleckner
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David Taylor durante a análise à pintura DR/Brian Cleckner
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Neste auto-retrato Rembrandt tem 29 anos DR/Steven Haywood
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DR/Steven Haywood

Afinal, na Abadia de Buckland, no condado de Devon, no Reino Unido, estava guardado um Rembrandt (1606-1669) original e não uma cópia como se pensava até agora. A autoria deste óleo de 1635 há muito tempo que gerava dúvidas mas só agora através de uma investigação exaustiva com especialistas britânicos e holandeses é que foi possível provar a sua autenticidade.

Guardado na arrecadação desde 2010, ano em que foi doado ao English National Trust (entidade responsável pelo património britânico), o auto-retrato está agora exposto na Abadia de Buckland e tornou-se já numa das jóias da coroa. É aliás o primeiro Rembrandt da colecção pública britânica, composta por 13.500 pinturas, lê-se no comunicado do English National Trust.

Intitulada Auto-retrato com boina e pluma branca, esta pintura com 91x72 cms. mostra Rembrandt, aqui com 29 anos, de boina negra de veludo, com duas penas de avestruz, usando uma capa escura. O pintor, um dos mais populares na Europa do século XVII, é autor de alguns dos auto-retratos mais conhecidos da história da pintura. Segundo as contas dos especialistas, Rembrandt terá pintado 40 a 50 auto-retratos.

No entanto, quando em 2010 esta obra chegou à Abadia de Buckland, uma propriedade com 700 anos que pertenceu a Francis Drake (1540-1596) – o almirante da Marinha de Isabel I e traficante de escravos que saqueava embarcações espanholas em nome da coroa britânica viveu nela 15 anos –, vinha já atribuída a um pupilo de Rembrandt. Havia também quem defendesse que era uma cópia perfeita, tendo em conta o estilo utilizado na pintura, muito próximo daquele usado pelo mestre holandês.

A autenticação da obra, anunciada esta terça-feira pelo English National Trust, só foi possível depois de Ernst van de Wetering, um dos maiores especialistas em Rembrandt, ter levantado a questão no ano passado. Desde então, a obra foi analisada em profundidade: os técnicos fizeram novas radiografias e exames de infravermelhos para poderem estudar o desenho por baixo das camadas de tinta, além de terem sido feitos testes aos pigmentos usados e à madeira que serve de suporte à pintura.

A reatribuição de Ernst van de Wetering é assim feita 46 anos depois de um outro especialista, Horst Gerson, ter defendido que a pintura teria saído das mãos de um dos discípulos de Rembrandt. Van de Wetering atribui esta conclusão ao que se sabia sobre o estilo do mestre, em 1968.

“Apesar de ter praticamente a certeza de que esta pintura era um Rembrandt quando a vi, em 2013, quis que mais exames fossem feitos depois de uma limpeza para ver os resultados das análises técnicas, uma vez que isto nunca foi feito antes”, explica no comunicado Ernst van de Wetering, mostrando-se satisfeito pelas evidências científicas: é um Rembrandt e está já avaliado em cerca de 30 milhões de libras (cerca de 37 milhões de euros).

Para David Taylor, curador da pintura e escultura do English National Trust, “o debate sobre se é um Rembrandt ou não existe há décadas” e  “o elemento chave foi a limpeza”. As cores da obra estavam já tão esbatidas que era impossível perceber “quão bem o retrato foi pintado”. Depois deste processo de investigação e restauro, já é possível apreciá-la “como um Rembrandt”, destaca Taylor.

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