Na cantina do Hilton, o café é o mesmo para todos

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Nos primeiros anos em Londres, JP Carvalho trabalhou no Hotel Hilton em Park Lane. Na cantinha, conheceu um "cantinho especial" onde se podia relaxar e beber um café. Mais tarde, regressou. Instalou um tripé, uma câmara e fotografou quem apareceu para o primeiro turno da manhã, o "5am Shift". "Não interessa a nacionalidade, a função ou estatuto, na cantina o café é o mesmo para todos. Só muda o uniforme", conta por e-mail ao P3 o jovem fotógrafo "freelancer" português, a trabalhar como assistente na Lisson Gallery. São, no entanto, as paisagens o que mais norteia o trabalho de JP Carvalho. Lugares desérticos, serenos, sem grande presença humana. Ele persegue-as. Move-o a "constante busca de paz e silêncio". "Londres é uma cidade pesada, suja, demasiado rápida e cheia de sirenes, e é obrigatório afastar-me o mais possível para respirar ar fresco. Sinto um enorme amor por montanhas, uma relação emocional com algo maior do que eu. Só ao sentir-me bem pequenino é que posso compreender e aceitar as grandes lições da vida: que o universo é mais forte do que eu, que tudo é frágil e temporário, que tenho de aceitar as minhas limitações." A principal razão de cada viagem é, diz, a de "coleccionar imagens em negativos e encher cartões de memória". Muitas vezes nem sequer chega a tirar a câmara da mochila — "mas a constante procura de uma imagem torna a experiência desse sítio mais intensa". Segue-se um regresso à Islândia "com um novo olhar" e, quem sabe, um livro de edição limitada. AR