A beleza da ria de Aveiro em quatro documentários

Trabalho de biólogos da Universidade de Aveiro transmitido a partir desta segunda-feira e até quinta-feira, às 20h30 na RTP2.

Garça-vermelha entre os caniçais, onde faz o ninho
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Garça-vermelha entre os caniçais, onde faz o ninho DR
Andorinha-do-mar-anã
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Andorinha-do-mar-anã DR
Pernalonga
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Pernalonga DR
Ascídias, um invertebrado da ria
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Ascídias (à esquerda), um invertebrado da ria DR
Anémonas
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Anémonas DR
A ria de Aveiro vista de cima
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A ria de Aveiro vista de cima Dr

Três biólogos quiseram mostrar a beleza da ria de Aveiro e o resultado são quatro documentários sobre a sua biodiversidade, cada um com cerca de 20 minutos: Viajantes do Ar, Nascer na Ria, A Cegonha-branca e A Ria por Dentro, que passam, respectivamente, a partir desta segunda-feira e até quinta-feira, na RPT2 às 20h30.

“A ideia dos documentários é dar a conhecer a um público mais abrangente, que não anda sempre na ria, a sua beleza e levá-lo a ter um sentimento de maior necessidade de preservação destas zonas húmidas. Se não as conhecemos, não temos vontade de as preservar”, diz Ana Maria Rodrigues, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Esta bióloga e os colegas Victor Quintino e Fernando Leão, respectivamente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, avançaram para este projecto, financiado pelo programa Media Ciência, que foi lançado pela Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, com o apoio do Compete (Programa Operacional Factores de Competitividade).

“Mesmo para nós houve surpresas no decorrer das filmagens”, refere Ana Maria Rodrigues, dando como exemplo aspectos pouco conhecidos do comportamento da cegonha-branca. “Os ninhos são tão altos que [geralmente] não vemos o que se passa.”

Os três primeiros documentários são dedicados às aves. Viajantes do Ar acompanha as que chegam e as que partem da ria. Ao longo do ano, é possível observar na ria cerca de 180 espécies de aves. Algumas vivem lá todo o ano, outras só no Inverno ou no Verão, outras ainda só param para descansar durante as migrações.

Nascer na Ria centra-se em três espécies que se reproduzem aqui: a andorinha-do-mar-anã, o pernalonga e a garça-vermelha, acompanhando-as desde que chegam até que se vão embora e dando particular atenção à sua vida no ninho. O documentário conta-nos como são construídos os ninhos destas três espécies protegidas, que perigos correm as crias e ainda aspectos comportamentais curiosos. “O pernalonga, quando sente os filhotes ameaçados e se não consegue afastar o intruso com o piar ou voos picados, finge que está ferido, para o atrair e afastar dos filhotes”, exemplifica Ana Maria Rodrigues.

Inédito, sublinha ainda a bióloga, é também o registo de toda a história da garça-vermelha na ria, principalmente dos ninhos e das crias. Não é muito fácil captá-los, já que é preciso ir para o meio dos caniçais.

A Cegonha-branca é protagonizado por esta espécie que pode ser observada na Península Ibérica durante todo o ano, mas é mais abundante a partir de Novembro, quando vem para construir o ninho, formar casais e reproduzir-se. A ria é também a casa das cegonhas, e os cientistas foram espreitá-las nos seus ninhos construídos em locais elevados, para nos darem a conhecer um pouco mais do seu o seu dia-a-dia.

A dimensão escondida dos invertebrados
Por fim, A Ria por Dentro deixa os céus e mergulha na água, começando por explicar o que é a própria ria e mostrando depois a sua biodiversidade elevada em invertebrados. Geralmente, são pouco conhecidos, como é o caso dos vermes marinhos, que vivem enterrados nos sedimentos, e que estão na base da cadeia alimentar de muitas aves e peixes. Os invertebrados que conhecemos bem são aqueles que nos chegam ao prato, e que têm um valor económico elevado, como as ameijoas, os berbigões, os chocos ou as ostras. Para mostrar como é a ria por dentro, uma dimensão mais escondida, os cientistas levam-nos a entrar não só nas suas águas turvas e como nos seus sedimentos.

É a ria de Aveiro como nunca a vimos em documentário. “Há com certeza imagens da ria, da cegonha-branca ou da garça-vermelha. Mas documentários globais, com a duração e profundidade deste, não há nada”, sublinha a Ana Maria Rodrigues.

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