Das incertezas à insegurança

Estão por demais agitados os tempos que vivemos. Pelas realidades que nos cercam e as diferentes visões sobre estas. As incertezas são quase a única certeza de um estado de espírito das pessoas que, nessa condição, se precipitam numa insegurança geradora de forte instabilidade Colectivamente, no plano político, económico, financeiro, social, cultural e até religioso. Individualmente, no plano emocional e nas dúvidas sobre o discernimento dos caminhos a seguir. Aliás, nada facilitado, antes mais confundido pelas incertezas, tergiversações, incoerências, daqueles que, por dever de ofício assumido, nos deveriam conduzir com mais verdade e menos mentira. O epicentro desta situação nem será o país. É a Europa. É o Mundo. Obviamente o balanço das ondas sente-se sempre mais no barco onde navegamos. E navegamos neste barco, talvez na sequência dos tempos, mais propriamente uma barcaça, que é o nosso Portugal que nem que fosse por ter navegado tanto pelo mundo, não merecia estar sob este mar tão agitado. Será que ninguém está interessado em fazer um «ajustamento» nas ideias e nas decisões? Não seria este um caminho mais seguro e necessário para conseguirmos o tal tão procurado «ajustamento» económico, financeiro e social?

Tenho sentido este clima que atrás descrevo no crescendo das perplexidades, tensões, incertezas e dúvidas que os nossos leitores levantam. De tal modo que, hoje, resolvi inverter o espaço habitual: reduzi a crónica, aumentei o correio dos leitores.

A QUESTÃO DA UCRÂNIA

Um Leitor “gostaria de perguntar como é que ocorre a filtragem de informação que temos assistido toda a vez que a notícia não é de interesse Europeu ou Americano. Vários utilizadores do site têm referido relativamente à cobertura feita sobre as notícias em Lughansk e em Donesk. Eu mesmo tenho enviado e-mails mas nenhum vem a agradecer e as notícias, essas, continuam sem nenhuma referência. Pensei que vivamos em transparência e imparcialidade. Mas não. O PÚBLICO continua a ceder”.

Comentário: Consultada a este propósito, a jornalista Joana Amado, editora da secção MUNDO do PÚBLICO, escreve:  

“O nosso esforço diário, sem termos nenhum jornalista no terreno para testemunhar  o desenrolar da situação, é o de dar as notícias citando fontes oficiais (do governo de Kiev e dos líderes separatistas do Leste do país), recorrendo aos relatos dos jornalistas das agências internacionais (AFP, Reuters) e dos correspondentes de jornais que consideramos de referência que estão no terreno. Temos dado conta dos combates nas várias cidades que estão controladas por grupos separatistas pró-russos, damos o número de mortos avançado por um e pelo outro lado, e vemos tentando, na medida do possível, perceber como é que a situação política e militar se está a desenvolver na Ucrânia.

O que este leitor nos enviou por email foram três vídeos publicados no YouTube, dois deles da Russia TV, um terceiro já retirado pelo próprio YouTube.  Pelo que me foi dado a entender após algumas pesquisas, são imagens referentes a um ataque aéreo das forças de Kiev contra um edifício da administração regional de Lugansk que estava ocupado por separatistas pró-russos. 

A Russia TV dá conta de oito mortos numa notícia publicada na segunda-feira, dia 2 de Junho. Nesse dia, o PÚBLICO não deu qualquer notícia dos combates no terreno (nem este, em particular, que não apareceu referido nos media internacionais, nem de outros), optando por escrever sobre o prazo de uma semana dado pela Gazprom para a Ucrânia pagar a sua factura do gás ao gigante energético russo. Foi uma opção editorial que não foi movida por qualquer “parcialidade”, mas sim pela convicção de que era importante noticiar um desenvolvimento relevante na chamada “guerra do gás” que decorre em paralelo com a violência no terreno. Nesse dia, as grandes apostas do noticiário internacional foram para a abdicação do Rei Juan Carlos e as eleições na Síria. (…)

O  PÚBLICO não faz notícias com base exclusivamente em vídeos do YouTube, nem com base exclusivamente na Rússia TV.” (…)

 

DÍVIDA DOS ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR AOS BANCOS

Escrevo-lhe a propósito do repto lançado pelo Público, dia 29 de Maio, concluído com a publicação da notícia “Estudantes do ensino superior devem mais de 200 milhões de euros aos bancos”, dia 1 de Junho.

O jornal pediu através dos seus meios online, site e página no Facebook, o contributo dos cibernautas. (…) Nas primeiras 24 horas, chegaram ao jornal cerca de 200 contributos de estudantes.” (…)

“Fui um desses cerca de 200. Ao apelo respondi com um breve e-mail: “Enquadro-me num dos perfis que procuram: pessoas, já formadas, que estejam a trabalhar e a pagar o empréstimo. No meu caso foi para pagar propinas do Doutoramento, concluído em Janeiro passado.” (…)

“Serve este e-mail para reprovar a prática levada a cabo pelo Público, ao não se dignar responder ao meu contributo. Soube entretanto que não fui o único a não ter qualquer feedback. Não se trata aqui de o meu caso não ter sido citado, porque nem sequer chegamos a esse ponto. Trata-se sim de um ignorar (alguns) leitores. O Público quis fontes para a sua notícia e teve-as. Publicou-a nos seus meios e inclusivamente até terá tido algumas dessas fontes a pagar por isso (compraram o jornal em papel ou no formato digital). (…)

Um cuidado que o Público não teve neste caso. Não é só pedir e acabou. (…) Um “agradecemos o seu contributo” é o mínimo dos mínimos. E demora uns meros 10-20 segundos.” Espero, sinceramente, que a reflexão e interpelações que o Provedor do Leitor possa fazer, ajudem a corrigir esta situação.”

Comentário do provedor: Transmiti à Direcção este seu lamento para “ajudar a corrigir esta situação”.

 

MIL OLHARES SOBRE O MUNDIAL/2014

Escreve-me uma Leitora, na dupla condição de brasileira mas também "tripeira e portuguesa de coração", pois vive no Porto há 22 anos, a confidenciar que "não se conforma que um jornal como o PÚBLICO deixe passar uma barbaridade como a escrita sob o título 'O que convém saber se está a pensar ir ao Brasil'". E pergunta: "Sem nenhum patriotismo, não seria mais útil indicar aos visitantes onde ir e onde não ir, em vez de apenas falar mal? É claro que defeitos não vão faltar a esta Copa mas coisas boas também vão acontecer. Nem que seja apenas a boa vontade e o carinho que os brasileiros têm pelos portugueses".

Comentário do provedor: Sinceramente, não me parece que a intenção fosse a de dizer mal por mal. A ideia, parece-me, era, sobretudo, a de fazer algumas recomendações, (citando até aquelas feitas pelo director-geral da Saúde). Efectivamente, nisto a Leitora tem toda a razão, o texto continha um enorme erro, ao recomendar, a tomada de vacina contra o dengue, vacina que, infelizmente, ainda não existe. O PÚBLICO on-line já corrigiu a falha. Na verdade, esta nova situação do PÚBLICO papel e do PÚBLICO digital levanta um novo problema, já levantado por outros Leitores. O PÚBLICO digital corrige, mas as falhas detectadas no papel prevalecem. É o clássico ditado "as palavras ditas voam, as escritas permanecem". Hei-de voltar a este asunto.

 

SERRALVES

Um Leitor faz notar que referente à edição do último domingo (1.06.2014), o PÚBLICO não tenha relevado o evento "Serralves em Festa". "Dada a importância desse evento para o Porto e para o país, - diz - acho que foi uma falta grave de um jornal que considero de referência".

Comentário do provedor: Em contacto com o coordenador da edição do PÚBLICO (Porto) e com as editora e sub-editora da secção Cultura verifiquei que entre o dia 28 de Maio e 2 de Junho SERRALVES ( 5 dias!)  foi tema de notícias, reportagens e até de crítica de dança. Na edição on-line de 1 de Junho, o PÚBLICO publicou uma fotogaleria de 22 imagens e no dia 2 de Junho deu notícia sobre o recorde de assistência.

Donde, "Serralves em Festa" não esteve ausente das páginas do PÚBLICO.

 

 

 

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