Jarmusch em revisão

O cineasta americano terá oito dos seus filmes, alguns em versões restauradas, em exibição neste ciclo em Lisboa e Porto

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Jim Jarmusch ANNE-CHRISTINE POUJOULAT/AFP

Quando está para breve – já para a semana – a estreia portuguesa do último e notável filme de Jim Jarmusch, Só os Amantes Sobrevivem , o ciclo que hoje começa no cinema Nimas, em Lisboa, é uma boa oportunidade para rever a matéria dada.

Serão apresentados, até dia 25, as oito primeiras longas-metragens do realizador americano, tudo o que fez entre 1980 (Permanent Vacation) e 2003 (Café e Cigarros, o que quer dizer que, fora o mais recente, só dois títulos ficam de fora da operação, Flores Partidas e Os Limites do Controlo.

 O ciclo acontecerá também no Porto, a partir de 15 de Junho, no Teatro Campo Alegre e ficará também até dia 25 de Junho.

Jarmusch, nascido em 1953 no Ohio, incorporou, sobretudo nos anos 80, a própria ideia de cinema independente americano, antes de essa ideia se ter tornado um sistema de valores canónico e uma pequena indústria frequentemente de imitação.

Ver os seus primeiros filmes, a deambulação muito marginal e muito “dandy” de Permanent Vacation, filme feito para a escola de cinema de Nova Iorque mas salvo pela sua passagem no festival de Mannheim (que verdadeiramente lançou Jarmusch para uma “carreira” como realizador que ele não pensava estar ao seu alcance), ou os losers de Stranger than Paradise, o seu filme seguinte, feito aos pedaços (começou por ser uma curta, expandindo-se à medida que Jarmusch conseguia dinheiro e película) é perceber que Jarmusch era, de facto, a real thing, um cinema livre e sem modelos mas nada “perdido” (cinéfilo, em Jarmusch vive tudo, de Ozu ao clássico americano, muito bem digerido).

Ou Down by Law, rodado em Nova Orleães, e Mystery Train, na Memphis de Elvis, que marcam o seu interesse consistente na multiplicidade cultural americana e o no diálogo entre as raízes e a modernidade – algo que tem o seu apogeu em Homem Morto, um falso western que trabalha a síntese das muitas origens americanas, dos índios aos emigrantes.

Todos estes filmes serão apresentados em cópias digitais (anunciadas, algo exageradamente, como “cópias restauradas”), ficando dois, Ghost Dog e Café e Cigarros, para ver nos bons velhos 35mm.


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