Homens saudáveis, mulheres doentes?

As mulheres portuguesas vivem mais tempo do que os homens mas apresentam piores condições de saúde.

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Um estudo realizado pela socióloga Ana Fernandes em conjunto com outros especialistas, que deu origem a um artigo sintomaticamente intitulado “Homens saudáveis, mulheres doentes?”, fornece várias pistas para explicar o aparente paradoxo - que não é exclusivo de Portugal e verifica-se noutrso países da Europa - de as mulheres viverem mais tempo mas em piores condições que os homens. Primeiro, a constatação: os homens, apesar de assumirem mais comportamentos de risco (como fumar e beber), “avaliam de forma mais positiva a sua saúde e têm melhores condições de saúde, com menos doença crónica e menor sofrimento psicológico”.

O certo é que os resultados desta investigação (que pretendeu conhecer e analisar o estado de saúde na população com mais de 50 anos, com base nos dados do Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006) permitiram concluir que as mulheres tinham, em geral, menores níveis de escolaridade e rendimentos mais baixos. “O estado de saúde em idade mais avançada depende, em parte, daquilo que foi o capital de saúde construído ao longo de uma vida, mas também do contexto actual do indivíduo e dos recursos de que dispõe para prevenir a doença ou minorar as consequências desta”, frisam, a propósito, os autores.

Lembram ainda que os estudos centrados em diferenças de género revelam que, além de as mulheres terem em geral menor acesso a educação e aos “bons empregos”,  há “evidência crescente de que, mesmo quando os homens e as mulheres ocupam uma posição social semelhante, a condição de saúde das mulheres é, em média, pior do que a dos homens”. Porquê? São, de novo, várias as razões. Mas há uma que pesa: “é mais difícil para uma mulher combinar um trabalho pago com as obrigações familiares, em todos os níveis de actividade profissional”. 

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