Há dias em que a globalização não morde

Há que perder o preconceito de que a Globalização Cultural é mais um “monster in the closet”, prestes a morder alguma pátria

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Izabella.R/Flickr

De notícia recente, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apontou Portugal como o 21º da União Europeia mais “aberto ao exterior”.

No entanto, bastante mais utilizada do que compreendida, a palavra “globalização” é invocada por muitos como o conceito representativo de um fenómeno observado e sentido na necessidade de formar uma “Aldeia Global”, que permita maiores ganhos para os mercados internos já saturados.

Mesmo sendo tal conceito discutível, a verdade é que o aumento da dimensão do mercado externo é uma das principais fontes do crescimento económico moderno. Foi esse aumento, ortodoxamente expressado pelo “Mercado”, que matou a fome de mais pessoas pela História.

Ele deu algo a quem nada (ou muito pouco) tinha. “Ele” é também o troféu que lembra para sempre a vitória do capitalismo sobre os sistemas autoritários, e que possibilita o existir de instituições de apoio social, que num ambiente económico mais ou menos livre, colmatam as dificuldades sentidas pelos mais desfavorecidos no curto prazo.

Ainda que muitos achem que a sociedade está em processo de globalização desde o início da História, esse processo é bem mais recente (o próprio fim da 2ª Guerra Mundial desencadeou uma necessidade de “globalização”).

Mas quando uma das principais características desse fenómeno se trata da combinação entre culturas locais e uma cultura dita de massas/universal, o medo aumenta como se um segundo dilúvio universal se avizinhasse: fujam, chegou a globalização cultural!

Ora, isto gera polémica internacional: restaurantes McDonald’s em Cuba (entre outras pérolas) é um dos muitos sonhos dos que idealizam mercados sem fronteiras obscurantistas. Pessoas actualmente apelidadas de “malvados neoliberais”, por vezes…

Será esse tipo de visão tangível? Moralmente invocável? Estarão correctos os que defendem o Estado Nação como um recipiente único e homogéneo de vontades e costumes?

Não compreendo como um estabelecimento da Starbucks posicionado no centro histórico do Porto possa ferir a nossa “coesão cultural” (se é que isso pode existir). Se por acaso o fizesse, não estaria a ter o apoio das centenas de “felizes” (ou pelo menos “satisfeitos”) consumidores?

Preocupemo-nos com o que merece preocupação, e esqueçamos o inofensivo.

Se houver procura (vontade) e capacidade de oferta, veremos um menu “McPicanha” algures nos McDonald’s do Brasil. À priori, se os consumidores procurarem “X” e houver capacidade da parte dos empreendedores de oferecer esse mesmo “X”, podemos ter a certeza que o negócio irá ocorrer, beneficiando ambos lados (isto, caso nenhum actor externo destrua esta simples e genuína relação humana voluntária).

Eis o poder da liberdade económica no seu melhor esplendor, eis a força do livre mercado — que quanto mais livre, melhor (“google it”: Ludwig von Mises). Há que perder o preconceito de que a Globalização Cultural é mais um “monster in the closet”, prestes a morder alguma pátria. Se o for, certamente que será do tamanho que os cidadãos desejarem.

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