Estado adia votação de plano e orçamento da Metro Mondego para 2014

O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, acusou o Governo de, através do accionista Estado, “querer ver a empresa paralisada”.

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Carla Carvalho Tomás

A votação do plano de actividades e orçamento da Metro Mondego (MM) para este ano foi adiada hoje por imposição do Estado, numa assembleia geral realizada em Coimbra, disse à Lusa um responsável da empresa pública.

“O Estado entendeu que não estavam criadas condições para aprovar" o plano de actividades e o orçamento, afirmou Luís Antunes, presidente da mesa da assembleia geral da MM e da Câmara da Lousã.

O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, acusou o Governo de, através do accionista Estado, “querer ver a empresa paralisada” com mais um adiamento.

“O projecto tem de ser reactivado”, preconizou o autarca do PS, também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, lamentando esta posição do Estado, “totalmente ao arrepio dos compromissos do Governo e sem quaisquer explicações”.

Após “tantos estudos feitos”, o Governo “continua sem querer assumir as suas responsabilidades”, criticou Manuel Machado, ao recordar que o secretário de Estado do Transportes, Sérgio Monteiro, garantiu que o projecto do metro seria retomado, com base numa candidatura a fundos da União Europeia.

Segundo Luís Antunes, os três municípios que integram a Metro Mondego – Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo –, todos de maioria socialista, defenderam que “deviam ser dadas todas as condições” para que a empresa continue “a funcionar da forma mais eficiente possível”.

O plenário de accionistas, que aprovou o relatório e as contas de 2013, “já vinha fora de tempo”, salientou, ao indicar que a reunião já foi adiada duas vezes, por imposição do Estado, que detém a maioria do capital na MM.

“É uma atitude que se tem repetido ano após ano”, lamentou Luís Antunes.

Apesar de “não ser bom” mais este adiamento, sine die, da planificação das actividades da sociedade de capitais exclusivamente públicos, “a empresa tudo fará para assegurar o seu funcionamento”, enquanto não for realizada nova reunião dos accionistas (Estado, CP, Refer e municípios envolvidos no projecto, que até 2009 eram servidos pelo ramal ferroviário da Lousã).

Os três municípios votaram contra a decisão do Estado de suspender a discussão e votação do plano de actividades, o que contou com a abstenção da CP e da Refer, segundo Luís Antunes.

Proposta pelo presidente da mesa, “foi aprovada por maioria” uma recomendação para que o Estado “apresente uma solução" no sentido de recomeçar as obras, suspensas há mais de dois anos, e estabelecer a calendarização do projecto do metro.

Nas obras do metro, já foram gastos cerca de 150 milhões de euros.

Iniciativa do último Governo de José Sócrates, os trabalhos começaram em finais de 2009, sem recurso a apoios comunitários, mas o executivo socialista ordenou poucos meses depois a sua suspensão, deixando as populações sem comboio, nem metro.

Nos últimos três anos, o actual Governo garantiu várias vezes que iria concluir o empreendimento, mas este não figura numa lista de obras públicas identificadas pelo executivo de Pedro Passos Coelho como prioritárias para o país, devendo ser candidatadas a fundos comunitários.

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