Moção de censura do PCP contra uma maioria que governa acima das suas possibilidades

Comunistas de olhos postos nas urnas pedem legislativas antecipadas.

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João Oliveira com os deputados António Filipe e Paula Sá na apresentação esta segunda-feira à tarde da moção de censura Nuno Ferreira Santos

A terceira moção de censura do PCP ao actual Governo, que será discutida esta sexta-feira, tem como objectivo ferir de morte "uma maioria parlamentar que governa acima das suas possibilidades". Até porque não há correspondência entre a vontade política expressa nas eleições europeias e a maioria de deputados que se senta no Parlamento. Foi com este argumentário que o líder parlamentar João Oliveira apresentou o documento na Assembleia da República.

"Esta maioria governa acima das suas possibilidades, acima da sua base política e social de apoio", disse esta segunda-feira o líder parlamentar comunista. Sem subterfúgios sobre o objectivo imediato do documento: "O PCP apresenta esta moção de censura com os objectivos imediatos da demissão do Governo e da convocação de eleições legislativas antecipadas".

Para o líder da bancada comunista, os resultados expressos nas urnas este domingo pelos portugueses, revelam que os partidos da direita coligados (PSD e CDS) obtiveram 27% dos votos, o que corresponde a "um isolamento social e político do Governo PSD/CDS". Assim, a composição actual do Parlamento com mais de 50% de deputados sociais-democratas e centristas não corresponde à vontade do país.

"Se esta maioria está convencida que tem o apoio dos portugueses, não terá medo de ir a eleições", desafiou João Oliveira. Questionado sobre o "frete à direita" com que o secretário-geral do PS, António José Seguro, classificou a moção dos comunistas, anunciando de seguida o voto a favor dos socialistas, Oliveira respondeu: "É uma moção de censura contra o Governo, se o PS entende meter-se no meio, lá saberá..."

Para esta sexta-feira estava convocado o debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento. A moção de censura do PCP dará entrada formal nos serviços da Assembleia da República esta terça-feira, obrigando o regimento a que seja discutida no prazo máximo de três dias. Assim sendo, a moção dos comunistas empurra, pelo menos, para a semana que vem o debate quinzenal. O tema estará na agenda da conferência de líderes parlamentares que se realiza esta terça-feira.
 

  

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