"Foi eleito o Presidente de toda a Ucrânia", declara Petro Poroshenko

Sondagens à boca das urnas dá entre 55,9% e 57,3% nas eleições presidenciais ao multimilionário. Timoshenko fica-se pelos 13%.

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As sondagens à boca das urnas dão uma larga margem a Petro Poroshenko SERGEI SUPINSKI/AFP

Os resultados finais só vão ser anunciados na segunda-feira, mas as sondagens à boca das urnas apontam para uma vitória clara de Petro Poroshenko nas eleições presidenciais na Ucrânia. O "rei do chocolate", como é conhecido devido à fortuna que amealhou no ramo dos doces, torna-se assim no primeiro Presidente eleito após a deposição de Viktor Ianukovich, em Fevereiro.

Era o único resultado que interessava a quem ainda deposita esperanças no regresso à normalidade na Ucrânia – apesar de não ser uma garantia, a eleição de Petro Poroshenko, com o seu discurso firme contra os separatistas pró-russos mas mais moderado em relação a Moscovo, representa uma luz ao fundo do túnel para um país que está há meses à beira da guerra civil.

Se se confirmarem as projecções à boca das urnas, Poroshenko deverá ter um resultado expressivo, entre os 55,9% e os 57,3%, deixando a larga distância Iulia Timoshenko, conhecida no Ocidente como a figura da Revolução Laranja de 2004-2005 – as duas sondagens divulgadas após o fecho das urnas dão pouco mais de 12% à antiga primeira-ministra, ainda assim o dobro do que previam alguns estudos de opinião durante a campanha eleitoral.

O desafio imediato do novo Presidente ucraniano é a onda separatista no Leste do país, onde as milícias pró-russas conseguiram impedir a realização do acto eleitoral neste domingo.

Apesar de a votação ter decorrido sem grandes problemas no resto do território, nas províncias de Donetsk e Lugansk, perto da fronteira com a Rússia, foram poucos os que conseguiram votar – a cidade de Donetsk foi mesmo descrita como uma cidade-fantasma pelos enviados das agências de notícias internacionais.

Pouco depois do anúncio das projecções, Poroshenko dirigiu-se aos seus apoiantes na sede da campanha, em Kiev.

"Podem ver que todas as sondagens à boca das urnas feitas pelas instituições mais respeitadas dizem que as eleições acabaram à primeira volta, e que o país tem um novo Presidente. Em primeiro lugar, quero agradecer ao povo ucraniano, que votou em número recorde", disse o mais que provável futuro Presidente da Ucrânia.

As estimativas apontam para uma participação na ordem dos 60% em todo o país, o que indica também uma enorme afluência na zona ocidental, pró-europeísta, e muito fraca no Leste, pró-russo – a meio da tarde, a afluência a nível nacional chegava aos 60%, mas em Lugansk não ultrapassava os 17% e em Donetsk rondava os 10%.

Na prática, não se pode dizer que tenha existido um acto eleitoral no Leste do país. Num caso contado pela agência Reuters, um dos soldados enviados pelo Governo interino de Kiev para garantir a segurança das eleições viu-se, ele próprio, impedido de votar.

"Os nossos superiores prometeram que poderíamos votar aqui, mas não foi isso que aconteceu. Isto é uma violação dos meus direitos, é ridículo. Estou aqui para salvaguardar uma eleição em que não posso votar", queixou-sIvan Satsuk, um soldado da região de Kiev que foi enviado para os arredores de Mariupol, no Leste do país.

Do outro lado, na região mais ocidental, muitos eleitores podem ter sido impedidos de votar por causa das longas filas que se formaram nas mesas de voto, de acordo com a organização não-governamental ucraniana Opora.

Na sua declaração de vitória, Petro Poroshenko agradeceu também aos eleitores da península da Crimeia – anexada pela Rússia em Abril –, “que fizeram o podiam nas condições mais difíceis, e saíram da Crimeia para votar".

"Agora podemos dizer com toda a certeza: todo o país votou. Foi eleito o Presidente de toda a Ucrânia", concluiu Poroshenko.

Klitschko vence câmara de Kiev

As sondagens à boca das urnas revelaram ainda que Vitali Klitschko venceu as municipais em Kiev. Conseguiu 52% dos votos, de acordo com a sondagem.

O antigo campeão mundial de boxe, de 42 anos, chegou a anunciar a sua candidatura à presidência, mas desistiu em Março a favor de Poroshenko. 

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