"Não tenho medo de nada, muito menos dos insultos da direita", diz Sócrates

Ex-primeiro-ministro participa em almoço socialista, mas não vai descer o Chiado. Acusa a direita de ter perdido a "vergonha".

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Enric Vives-Rubio

O ex-primeiro-ministro José Sócrates afirmou ao início da tarde desta sexta-feira que apenas estará presente no almoço socialista da Trindade, não descendo o Chiado, não por medo do povo de "direita", mas porque entende que essa acção é para os candidatos.

José Sócrates falava aos jornalistas à chegada ao almoço de campanha do PS na Trindade, em Lisboa, onde foi recebido por cerca de uma dezena de mulheres que gritaram insistentemente "Sócrates, Sócrates".

"Quero esclarecer que venho apenas para um almoço e não vou fazer nenhuma descida do Chiado, porque isso é para os candidatos do PS", declarou.

Interrogado se não desce o Chiado por receio da reacção popular, o ex-chefe do Governo contrapôs imediatamente: "Eu nunca tive medo de nada." "Não tenho medo da direita e muito menos dos insultos da direita", reagiu.

Nas declarações aos jornalistas, Sócrates desferiu ainda um ataque fortíssimo à coligação formada por PSD e CDS: "Acho que a direita política perdeu a vergonha, perdeu a decência, a educação, perdeu o respeito pelos outros, que é essencial à vida democrática. Mas tenho uma surpresa para eles: é que vão também perder as eleições."

Na recta final de uma campanha em que o seu nome foi várias vezes chamado à discussão, Sócrates acusou a "direita política" de "transformar esta campanha numa campanha de ódio e de imbecilidade": "Foi, aliás, difícil distinguir ao longo da última semana os momentos mais ataque pessoal e ódio dos momentos mais imbecis. E justamente numa altura, em que quer o país, quer a Europa, precisavam de uma boa discussão", disse o ex-líder socialista.

José Sócrates, que chegou ao almoço da Trindade acompanhado pelo eurodeputado socialista cessante Capoulas Santos e pelo deputado do PS André Figueiredo, frisou que não tem neste momento qualquer responsabilidade política no seu partido.

"Não tenho nenhuma responsabilidade política, nem quero regressar à vida política. Não estou em campanha, a não ser para apoiar o meu partido. Venho aqui como mero militante do PS", justificou.

Ao final da manhã, em Moscavide, o cabeça de lista Francisco Assis afirmou aos jornalistas que não seria capaz de conceber uma campanha sua como cabeça de lista sem ter ao seu lado José Sócrates, salientando que tem "admiração" pelo ex-primeiro-ministro.

Interrogado por uma jornalista se não teme que a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates possa "manchar" a campanha do PS, Assis questionou: "Mas manchar porquê?" Frisou mesmo que nada teme e que tem "todo o gosto" em o ter ao seu lado na campanha.

"No dia em que me apresentei como cabeça de lista do PS disse claramente que várias pessoas participariam na campanha, e uma delas era José Sócrates. Por uma razão muito simples: não me concebo numa campanha, em que eu próprio sou cabeça de lista, sem a presença do engenheiro José Sócrates. Somos amigos há muitos anos e tenho um grande respeito e admiração por ele", disse.

Francisco Assis acrescentou que o PS "é um partido que respeita o seu passado, mas, evidentemente, não é um partido fixado no seu passado".

 

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