Príncipe Carlos comparou Putin a Hitler? Moscovo quer explicações

O herdeiro da coroa britânica comparou as acções de Putin na Ucrânia às do ditador nazi.

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Governo britânico defendeu o príncipe Reuters

Um diplomata russo vai esta quinta-feira ao Foreign Office de Londres pedir explicações sobre um comentário atribuído ao príncipe Carlos, que numa conversa privada terá comparado as acções de Vladimir Putin na Ucrânia a Hitler.

“O adjunto do embaixador deve vir cá hoje”, confirmou à AFP uma fonte dos Negócios Estrangeiros britânicos, mas sem dar mais pormenores.

A frase do herdeiro da coroa britânica, que foi publicada pelo jornal Daily Mail, foi proferida por Carlos numa visita ao museu da imigração de Halifax, no Canadá, onde começou uma visita oficial de quatro dias. A conversa foi relatada por Marienne Ferguson, de 78 anos, que explicou que estava a explicar ao príncipe as condições em que a sua família fugiu depois da invasão nazi da Polónia, quando Carlos lhe respondeu: “E agora Putin está à beira de fazer a mesma coisa que Hitler.” Referia-se à crise na Ucrânia.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que, a ser verdadeira, a declaração do príncipe Carlos “não faz honra a um futuro monarca” e que comparar Putin a Hitler é “inaceitável e ultrajante”. O Daily Telegraph avança na edição desta quinta-feira que os diplomatas russos em Londres pediram a reunião no Foreign Office, porque querem saber se a declaração corresponde a uma “posição oficial”. 

As relações entre o Reino Unido e a Rússia não estão no seu melhor devido à Crimeia, anexada pela Rússia, e à crise no Leste da Ucrânia. O príncipe Carlos, de 65 anos, é conhecido por assumir publicamente as suas posições, ao contrário da mãe, a rainha Isabel II, que cumpre a sua regra de nunca se referir a questões políticas.

Mas este não foi um desses casos. Por isso, Clarence House — a residência oficial do príncipe — recusou tecer qualquer comentário, considerando que se tratou de “uma conversa privada” e não “de uma declaração política pública”.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o número dois do Governo, Nick Clegg, defenderam na quarta-feira o direito de Carlos exprimir as suas opiniões, apesar de ser o futuro rei. O chefe da oposição, o trabalhista Ed Miliband, também apoiou o príncipe, ao dizer que “muita gente deste país partilha a inquietação do príncipe quanto às acções do Presidente Putin na Ucrânia”.


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