“Diálogo 5+5” decorre em Lisboa com energia na agenda

Fórum Económico antecede reunião política.

Foto
Rui Machete esteve no BPN/SLN de 2001 a 2009 MIGUEL MANSO

Tem lugar nesta quinta-feira a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do “Diálogo 5+5”, um encontro que é quarta-feira antecedido do II Fórum Económico dedicado ao Desenvolvimento Sustentável. A reunião dos chefes da diplomacia de Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Argélia Líbia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia tem em agenda, entre outras matérias, a energia.

A questão energética é um dos pontos fundamentais em análise. Em cima da mesa está a possibilidade do gás que vem da Argélia para a Europa e que entra por Espanha, com um ramal que abastece Portugal, comunique com a Europa central. Os últimos desenvolvimentos na Ucrânia, as posições de Moscovo e o predomínio da empresa russa Gazprom no abastecimento aos países da Europa central e do leste aconselham à montagem de uma alternativa de fornecimento.

Esta solução, contudo, não tem merecido acordo, desconhecendo-se se de Lisboa sairá a luz verde para a solução. Nos salões do Palácio das Necessidades da capital portuguesa, e ainda no campo energético, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois lados do Mediterrâneo têm em debate as energias renováveis.

Um dossier que se insere no âmbito das novas áreas de cooperação definidas por Portugal há um ano quando, com a Mauritânia, assumiu a co-presidência do “Diálogo 5+5”. Assim, temas como ambiente, alterações climatéricas e água inscrevem-se nas novas preocupações. Questões para as quais está previsto um envolvimento da sociedade civil, ou seja, do sector privado da economia.

Outras questões são mais clássicas. Da segurança e estabilidade no Mediterrâneo Ocidental ao desenvolvimento económico-social, passando pelo diálogo parlamentar e pela formação diplomática. Do mesmo modo, da ordem dos trabalhos consta a consolidação e aprofundamento dos 5+5.

Este grupo informal, surgido na cimeira de Roma de 1990, tem tido como barreira para o seu desenvolvimento as dificuldades de integração política e económica dos países do sul. A integração económica do Magrebe choca com problemas históricos e desconfianças de alguns países, o que limita o desenvolvimento das parcerias na margem sul do Mediterrâneo.

Para Portugal que, ao contrário de Espanha, França e Itália não tem um passado colonial na zona, esta área seria de natural expansão económica. Contudo, não tem sido assim. Na Argélia e na Mauritânia, as exportações portuguesas ocupam o 17º lugar e, com Marrocos, estão no 16º posto. Daí, o significado do Fórum Económico que arranca esta quarta-feira, organizado pelo AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal] e pela Associação Industrial Portuguesa.

Embora seja uma entidade informal, o “Diálogo 5+5” tem-se mantido apesar de outras iniciativas. Como o Processo de Barcelona, lançado em 1995 na cidade catalã pela presidência espanhola da União Europeia. Relançado em 2005, a questão israelo-árabe impediu consensos sobre uma cooperação abrangente, da economia à segurança.

Também a iniciativa de Paris em 2008, protagonizada durante a primeira fase do mandato do Presidente Nicolas Sarkozy, que pretendia criar um espaço próprio para a França em política externa com o lançamento da União para o Mediterrâneo conheceu dificuldades. Pensada para contrabalançar o peso crescente da Alemanha e das relações da União Europeia com os países do leste, a denominada parceria oriental, esta iniciativa sofreu as consequências das primaveras árabes. Aquando do seu lançamento, o Egipto de Hosni Mubarak era co-presidente com a França.
 

   





Sugerir correcção
Comentar