Leonardo Jardim e Sporting encerram ciclo e em Alvalade espera-se que sem maldições

Clube vai receber três milhões de euros pela saída do treinador, mas este valor pode chegar aos seis milhões. O sucessor do madeirense e o seu destino não foram revelados.

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Leonardo Jardim esteve uma época ao serviço do clube de Alvalade José Sarmento Matos

Há um ano, ao ser apresentado no Sporting, Leonardo Jardim foi confrontado pelos jornalistas acerca das saídas precoces que protagonizou em todos os clubes que treinou. Respondeu prontamente: “Os tempos deram-me razão. Em termos desportivos, nenhuma das equipas [que orientei] conseguiram melhor depois de eu sair. E isso deixa-me satisfeito.” Em Alvalade, espera-se que esta lógica não perdure e tenha os mesmos efeitos aziagos da maldição que o austro-húngaro Béla Guttmann deixou como herança ao Benfica nas competições europeias. Esta terça-feira, os “leões” oficializaram a rescisão do contrato com o madeirense, sem adiantar o nome do sucessor ou o destino do treinador cessante. Certo é que o emblema lisboeta terá direito a uma indemnização de três milhões de euros, que pode chegar aos seis milhões se Jardim atingir determinados objectivos no seu novo clube.

“O Sporting tinha com o treinador uma cláusula de 15 milhões de euros [numa eventual transferência]. Essa cláusula era para Portugal e tínhamos uma outra cláusula confidencial que determinava a verba de três milhões para o estrangeiro. Tínhamos já encerrado as negociações para uma renovação, que surtiria efeito se não houvesse uma proposta até ao dia de hoje. Isso aconteceu, por isso chegámos a um acordo. Os possíveis [futuros] sucessos de Leonardo Jardim podem ainda melhorar a indemnização ao Sporting para seis milhões de euros, mediante os títulos nacionais e internacionais que venha a conquistar”, esclareceu ao princípio da noite Bruno de Carvalho, no auditório do Estádio José Alvalade, em Lisboa.

O presidente “leonino” salientou que, caso o treinador madeirense volte a Portugal para treinar um outro clube nas próximas quatro épocas, o Sporting irá receber a diferença entre o valor da actual indemnização e os 15 milhões de euros da cláusula estabelecida para o território nacional.

Esclarecidas as questões financeiras, Bruno de Carvalho, que se fez acompanhar pela restante estrutura técnica do futebol do clube, agradeceu a Leonardo Jardim o “profissionalismo” e o “carinho” com que o técnico abraçou o projecto durante a última temporada: “O Leonardo tem sempre as portas abertas desta casa que também é a sua como sportinguista. Acabamos esta relação de trabalho com um respeito mútuo e, sobretudo, de amizade muito grande. Foi um ano realmente muito, muito bom, e muito agradável em termos daquilo que tínhamos idealizado para o Sporting Clube de Portugal.”

Sobre o sucessor de Jardim, nem uma palavra. “Não será hoje que falaremos do novo treinador”, repetiu várias vezes, desiludindo quem esperava obter já esta terça-feira a confirmação do nome do oitavo técnico a sentar-se no banco “leonino” em três épocas. O ex-estorilista Marco Silva continua a ser o mais provável candidato ao lugar, mas terá de aguardar-se pelos próximos dias por uma oficialização.

O mesmo sigilo foi mantido em relação ao destino de Leonardo Jardim, ainda que o seu nome continue a ser insistentemente associado ao Mónaco. Coincidência ou não, o clube monegasco anunciou também esta terça-feira a saída do italiano Claudio Ranieri do comando técnico, mantendo ainda secreto o nome do senhor que se segue no banco em Monte Carlo: “Ainda não posso anunciar o nome do novo treinador do Mónaco porque há alguns detalhes a acertar. Procurámos um treinador que tenha uma visão ofensiva e que possa proporcionar bons espectáculos aos nossos adeptos”, limitou-se a dizer Vadim Vasilyev, vice-presidente do clube.

Horas mais tarde, em Alvalade, Jardim esclarecia parcialmente as razões que o levaram a dar por encerrado o capítulo do Sporting: “O principal motivo que me leva a sair é conseguir dar mais um passo na minha carreira. Já passei por vários clubes e todas as etapas foram importantes. Cheguei ao Sporting há um ano porque tive capacidade de mostrar trabalho a outros níveis. Mas o Sporting, por ser o meu clube e por ser o último trabalho que desenvolvi, com certeza que é uma etapa decisiva na minha carreira.”

Depois do Desportivo de Chaves, Beira-Mar, Sp. Braga, Olympiacos e Sporting, o campeonato francês pode ser o próximo destino do madeirense, de 39 anos.

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