Primeiro o drama, depois a glória
Atlético de Madrid sagrou-se campeão espanhol 18 anos depois. Empate em Camp Nou foi suficiente para fazer a festa. “Tata” Martino oficializou a saída do comando técnico do Barcelona.
Este é o triunfo de uma equipa e de um clube que viveu tempos tumultuosos e soube renascer das cinzas. Desde a altura em que ser adepto do Atlético de Madrid era como uma maldição, em que a equipa foi do título de campeão à despromoção em quatro anos (1996-2000). Nas contas do diário espanhol El País, nestes 18 anos, o Atlético gastou 696 milhões de euros na contratação de 261 futebolistas e passaram 17 treinadores pelo banco. Mas, desde há um par de anos, a reconstrução começou a dar frutos – conquista da Liga Europa (2010 e 2012) e correspondentes Supertaças europeias, e a Taça do Rei (2013).
O empate bastava para ser campeão, mas o Atlético de Madrid não chegou lá sem sofrimento. Essa tem sido uma constante na época dos colchoneros, que se destacam pela capacidade de sacrifício. A perseverança compensou, mas antes dos sorrisos houve lágrimas. As coisas começaram por complicar-se com as lesões de Diego Costa (16’) e Arda Turan (23’). E tudo ficou ainda pior: aos 33’ Alexis Sánchez colocou o Barcelona na frente do marcador, na conclusão de uma bela jogada. Fàbregas colocou a bola em Messi, que a amorteceu de peito para o chileno – este, de primeira, disparou de ângulo difícil para o 1-0. E o Barcelona era virtualmente campeão.
Antes da partida, as bancadas repletas de Camp Nou tinham exibido uma mensagem para a equipa: “Som el Barça” (Somos o Barça). Mas as cores blaugrana desta equipa são desmaiadas. Por vezes, faltou intensidade e, no banco de suplentes, o treinador não foi capaz de mudar o rumo dos acontecimentos.
O intervalo foi decisivo porque, num duelo entre dois técnicos argentinos, Diego Simeone mostrou mais uma vez que é quem mais se aproxima do espírito latino: impulsivo, apaixonado, o técnico deve ter feito um discurso memorável no balneário, porque o Atlético de Madrid começou a segunda parte disposto a dar a vida pelo jogo e pelo título.
Logo aos 46’ David Villa acertou no poste da baliza de Pinto. Três minutos depois surgiu o golo do Atlético. Com um cabeceamento imparável, Godín estabeleceu o 1-1. O título mudava virtualmente de mãos e viajava de Barcelona para Madrid. A equipa de Simeone cerrou fileiras, uniu forças e dispôs-se a resistir até ao fim. O Barcelona, empurrado por 96.973 adeptos, não conseguiu quebrar a tenacidade colchonera. E, no fim, os adeptos blaugrana aplaudiram de pé o novo campeão.
“Tata” Martino foi à sala de imprensa oficializar a saída do cargo de treinador do Barcelona – Luis Enrique deve ser o homem que se segue. Simeone, que jogava na equipa que conquistou o anterior título, em 1995-96, disse que nunca sentiu que o jogo estivesse a escapar ao Atlético: “É uma alegria que não se explica. A ovação [dos adeptos do Barça] conclui uma época grandiosa na Liga. Hoje fizemos história”.
Ronaldo ressentiu-se
Ainda há mais história para o Atlético fazer, na final da Liga dos Campeões frente ao Real Madrid. Os merengues receberam e venceram o Espanyol (3-1), mas também ganharam uma dor de cabeça em relação ao estado físico de Cristiano Ronaldo. O internacional português voltou a sentir dores musculares durante o aquecimento e acabou por nem sequer ir para o banco de suplentes. Bale e Morata (2) fizeram os golos merengues, enquanto o português Pizzi marcou para os visitantes.