A Miami alternativa

Não menosprezando nenhuma das visitas clichés, é possível estabelecer um roteiro alternativo em Miami

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Carlos Barria/Reuters

Miami é mais conhecida pelo clima de festa e deboche popularizado na canção de Will Smith “Welcome to Miami” e cujo expoente máximo se materializa em Miami Beach. É também um ponto de partida para cruzeiros nas Bahamas, visitas às Florida Keys e ao Parque Nacional Everglades. Não menosprezando nenhuma destas visitas clichés, é possível estabelecer um roteiro alternativo em Miami.

Começando por Miami Beach, perto do World Erotic Art Museum, atracção que se adequa ao destino, encontra-se o Wolfsonian-Florida International University Museum. Com uma colecção dedicada ao período entre o fim do século XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial, é um dos museus mais interessantes que pode ser visitado em Miami. Actualmente, hospeda três exposições temporárias relacionadas com a arte italiana no período entre as duas Grande Guerras, a sua relação com o fascismo e uso de Roma como ideia programática fundamental do imaginário fascista. A colecção permanente tem pérolas como a primeira TV produzida ou um vitral censurado pelo Estado Livre da Irlanda, que deveria ter sido oferecido à Liga das Nações.

Outro museu imperdível é o recém-inaugurado Pérez Art Museum. Dedicado à arte moderna e contemporânea, fica à beira-mar e tem uma esplanada muito aprazível com sombra produzida pelos jardins suspensos. As plantas que se desdobram do tecto conferem um encantador toque a uma estrutura já de si arquitectonicamente interessante. No exterior, 12 estátuas do Zodíaco chinês, criadas pelo dissidente chinês Ai Weiwei, abrilhantam o espaço. Dentro, exposições temporárias de arte americana e caraíbica completam uma colecção de fotografia e outra de arte visual concreta excelentes, (além de outras instalações). Na mostra caraíbica, as preocupações sociais são uma constante e tornam a mostra muito interessante. Antes de se chegar à sala de fotografia ,que inclui fotos de Henri Cartier-Bresson e Leni Riefenstahl, a secção dedicada a Pop Art apresenta trabalhos de Andy Warhol e Marcel Duchamp, entre outros. Os minuciosos quadros de Paul Laffoley sobre “A Divina Comédia” de Dante são outro “must see”.

Por fim, para acabar o dia, é indispensável uma visita a Wynwood. Este bairro é famoso pelas suas galerias de arte e ruas pejadas de graffitis, entre os quais um da autoria dos brasileiros Kobra e outro do português VHILS. As Wynwood Walls são a zona mais institucional com graffitis que só podem ser vistos durante o dia. Contudo, a maior parte dos graffitis são acessíveis a qualquer hora. Vários bares e cafés merecem também uma visita. A decoração é peculiar nalguns casos, por exemplo, o Jugofresh inclui bancos de igreja e tabuleiros de hospital e o Panther Caffé tem rodas de bicicleta penduradas em árvores. A Wood Tavern é o local mais hipster de toda a Miami e o sítio indicado para acabar a noite. Inspirado nos Biergarten alemães, este bar tem uma clientela mista que por vezes inclui Pharrel Williams. Para a melhor experiência nesta zona, o dia indicado é o segundo sábado de cada mês quando as galerias de arte estão abertas até à noite e as ruas se enchem, criando um ambiente de grande animação no bairro.

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