Há 5000 autocolantes prontos para assinalar o potencial de Braga

Iniciativa é lançada este fim-de-semana e pede à população que identifique edifícios devolutos ou desaproveitados na cidade. Site e aplicação para telemóvel também ajudarão a fazer este mapeamento

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Adriano Miranda

“Aqui, eu gostaria que” lê-se no autocolante contornado a vermelho. No interior há um espaço em branco, em forma de balão de fala dos livros de BD, onde cada pessoa pode escrever a sua ideia para Braga e colá-la em edifícios devolutos ou espaços que, na sua opinião, não estão a ser devidamente aproveitados. A partir deste fim-de-semana há 5000 rectângulos destes a serem distribuídos nas ruas, lançando uma campanha destinada a alertar os poderes públicos ou investidores privados para o potencial da cidade.

A iniciativa é da Dish Mob, uma estrutura informal de discussão, que nasceu há poucos meses. Depois de organizar alguns debates sobre o futuro da cidade, os seus responsáveis lançaram a primeira iniciativa de maior impacto público, apresentando o projecto “Gostaria que”. “Pretendemos construir Braga através do mapeamento desta ao nível de estruturas e oportunidades”, explica Jorge Saraiva, um dos elementos da organização. “Acreditamos que com transparência e participação de toda a população conseguimos desenvolver a cidade de uma forma mais transparente e participativa”, acrescenta.

Os cidadãos serão a peça fundamental deste projecto. A distribuição dos autocolantes será o ponto de partida, apelando ao lançamento de ideias e à identificação de espaços vazios na cidade. Nas próximas semanas, a organização vai promover raides fotográficos pela cidade, para tentar registar todos os locais onde foram colados os autocolantes que vão agora começar a ser distribuídos aos bracarenses. Essas imagens serão depois colocadas online no site da iniciativa, que é o principal suporte de toda a iniciativa.

Mas não será apenas nas ruas que o projecto “Gostaria que” terá visibilidade. Este tem também uma componente tecnológica. Na próxima semana será lançada uma aplicação para telemóveis que consiste numa máquina fotográfica com a qual os bracarenses poderão registar os espaços da cidade para os quais gostariam que fosse dado um outro uso. Tal como as imagens resultantes dos raides fotográficos, serão compiladas na página na internet.

No site será igualmente possível deixar sugestões para o futuro de Braga, mas o espaço está ainda preparado para receber os proprietários dos edifícios sinalizados pelos cidadãos, abrindo portas a projectos comuns. Depois do Verão, todas as ideias serão compiladas em propostas, que serão apresentadas publicamente. “Não se destinam apenas à câmara, mas também a empresários que podem explorar o potencial aqui encontrado”, explica Jorge Saraiva, da Dish Mob. A ideia é que daqui surjam projectos públicos, mas também privados, a partir desta iniciativa.

Esta quinta-feira, cerca de 170 pessoas juntaram-se em Braga num jantar-tertúlia, no maior evento do tipo já realizado. “Somos o maior Dish Mob do mundo”, valoriza Jorge Saraiva. À volta da mesa, políticos, técnicos, investidores, empresários e cidadãos discutiram ideias para Braga, apontando o potencial da cidade em domínio como a moda, as novas tecnologias, ou o turismo, realçando, em particular a proximidade do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Dentro de um mês, algumas destas pessoas voltam a juntar-se para aprofundar a conversa, “afinando” a metodologia. “Vamos organizar as mesas por temas, de forma a facilitar o contacto entre todos os interessados”, explica Saraiva, esperando, nessa altura, poder já contar com alguns proprietários de espaços no centro da cidade entre os participantes.

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