Greve geral na Turquia e milhares nas ruas contra "negligência" do Governo

Pelo menos 282 pessoas morreram numa explosão seguida de incêncio. Uma centena continua encurralada na mina de carvão da cidade de Soma.

Fotogaleria
Houve protestos nas ruas de Izmir, Istambul e Ancara OZAN KOSE/AFP
Fotogaleria
Yusuf Yerkel, conselheiro do primeiro-ministro turco, pontapeia um manifestante Mehmet Emin/Reuters
Fotogaleria
O primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, durantea visita ao local da tragédia Kayhan Ozer/Reuters
Fotogaleria
Gokhan Gungor/Reuters
Fotogaleria
Emre Tazegul/Reuters

Quatro centrais sindicais turcas apelaram a uma greve nacional em protesto contra as condições de trabalho nas minas do país, na sequência do acidente que provocou a morte de pelo menos 282 pessoas numa mina de carvão. Em Izmir, perto do local da tragédia, a polícia lançou gás lacrimogéneo para disperar cerca de 20.000 manifestantes, que acusam o Governo de negligência.

A principal queixa dos sindicatos – que representam vários sectores da sociedade turca – é a alegada falta de condições de segurança na mina em que ocorreu o acidente, em Soma, no distrito de Manisa, na zona ocidental do país. Em especial, os trabalhadores criticam as autoridades políticas de terem fechado os olhos ao que dizem ser a redução da segurança depois de a mina ter passado das mãos do Estado para uma empresa privada.

"Centenas dos nossos irmãos trabalhadores em Soma foram deixados a morrer desde o início por serem forçados a trabalhar em processos de produção brutais, para a obtenção do máximo de lucros", acusa um comunicado conjunto dos quatros sindicatos.

"Apelamos à classe trabalhadora no geral, aos mineiros e aos amigos de mineiros, que defendam os interesses dos nossos irmãos de Soma", lê-se no documento, citado pela agência Reuters.

Para além do dia de greve em todo o país, os sindicatos apelam a que todos os cidadãos saiam à rua vestidos de preto.

A explosão na mina, seguida de incêndio, matou pelo menos 282 pessoas. Não se sabe ao certo o número de pessoas que ficaram encurraladas na mina, mas os media do país falam em mais de uma centena.

O caso provocou a fúria um pouco por todo o país, especialmente depois das declarações do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que justificou a morte de centenas de mineiros como um facto inerente à profissão.

"Estive a estudar a história dos acidentes. Houve 204 mortos num colapso de uma mina em 1838, e em 1866 outros 361 mineiros morreram na Grã-Bretanha. Numa explosão em 1894 foram 290 vítimas", disse o chefe de Governo.

A generalidade dos media turcos acusa o executivo de não querer assumir responsabilidades e registaram-se também protestos nas ruas de Istambul e Ancara.

Mas o palco das maiores manifestações de desagrado é a cidade de Izmir, a cerca de 100 quilómetros do local onde ocorreu a tragédia na mina de carvão.

Nesta quinta-feira, a polícia lançou gás lacrimogéneo para dispersar os cerca de 20.000 manifestantes que protestam contra o que dizem ser a negligência do Governo de Recep Tayyip Erdogan.

O presidente de uma das maiores centrais sindicais do país, Kani Beko, foi hospitalizado na sequência da carga policial, avança a agência de notícias truca Dogan.

Sugerir correcção
Comentar