Samsung vai indemnizar trabalhadores com cancro

Queixas apresentadas ao longo de seis anos responsabilizam grupo por doença de funcionários.

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Unidade de fabrico de microchips em Suwon, 50 quilómetros a sul de Seul AFP/Samsung Electronics

A Samsung anunciou nesta quarta-feira que vai indemnizar os trabalhadores que afirmam ter adoecido com cancro nas unidades de fabrico de microchipsdo grupo sul-coreano. A direcção da empresa faz assim o seu primeiro pedido de desculpas aos funcionários, mas continua sem estabelecer uma relação directa entre os produtos químicos usados nas suas fábricas e a doença dos funcionários.

A líder mundial em smartphones e tablets foi nos últimos seis anos alvo de queixas de perto de 40 trabalhadores apresentadas na agência governamental das condições do trabalho e saúde sul-coreana, indica a AFP.

Esta quarta-feira, o director-geral da Samsung, Kwon Oh-Hyun, que não adianta quantos dos seus trabalhadores vão ser indemnizados, confirmou que o grupo vai avançar com uma “compensação adequada”, que inclui os familiares dos funcionários que já tenham morrido. A empresa vai criar uma espécie de grupo de arbitragem para determinar as modalidades em que essas compensações vão ser pagas.

Até aqui, a Samsung citava estudos independentes para negar qualquer relação entre os casos de cancro e produtos tóxicos manipulados nas suas unidades de fabrico de microchips, recusando ser responsabilizada pela doença. Na declaração de hoje de Kwon Oh-Hyun continua a não existir qualquer referência a essa possível relação directa.

“Vários trabalhadores nas nossas instalações de produção sofrem de leucemia e de outras doenças incuráveis, que levaram a algumas mortes”, admitiu Kwon Oh-Hyun. O responsável reconheceu ainda que se deveria ter alcançado um acordo entre as partes “mais cedo”. “Estamos profundamente destroçados que não o tivéssemos conseguido fazer e expressamos as nossas desculpas”, continuou.

O caso dos trabalhadores que desenvolveram cancro tem chamado a atenção da opinião pública, tanto na Coreia do Sul, como internacionalmente. Em Fevereiro último foi divulgado um filme baseado na história verídica de Hwang Sang-ki e da sua filha, Yu-mi, ambos trabalhadores da empresa. A mulher morreu de leucemia em 2007, depois de ter estado quatro anos na Samsung. O seu pai insiste até hoje que a filha foi vítima dos produtos químicos usados no fabrico de microchips.

Apesar de no filme não haver uma menção directa à Samsung por razões legais, o título "Another Promise" (Outra promessa) é uma variação do slogan do grupo "Another Family" (Uma outra família).

Desde 2007 que a família de Yu-mi tem mantido uma batalha judicial com a Samsung. Quatro anos depois, um tribunal de Seul afirmou que produtos químicos “tinham provocado, ou pelo menos acelerado”, o estado de saúde da mulher e de um outro trabalhador.

Em Abril deste ano, a política sul-coreana Sim Sang-jung, apoiada pelas vítimas e familiares, exigiu à Samsung que assumisse a responsabilidade e compensasse os trabalhadores. Sim reclamou ainda um pedido de desculpas à empresa e ao governo sul-coreano para 243 trabalhadores de unidades de fabrico de microchips que desenvolveram raros tipos de cancro, indica a BBC. Destes casos, e segundo Sim, 114 eram antigos trabalhadores da Samsung.

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