Seixal diz que localização da estação que mede qualidade do ar influenciou OMS

Autarquia pede ao ministério do Ambiente que obrigue as unidades industriais instaladas nos terrenos da antiga Siderurgia Nacional (onde fica instalada a única estação de medição do concelho) a cumprirem a legislação em vigor.

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Estação fica localizada junto à Siderurgia Nacional Rui Gaudêncio

A Câmara do Seixal considera que a conclusão de um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) que aponta aquela cidade como a mais poluída em Portugal se deve à localização da estação de recolha de dados, próxima das instalações da Siderurgia Nacional. A autarquia diz que o resultado "reflete a intervenção daquela unidade industrial na qualidade do ar" e por isso "não pode ser extrapolado para todo o concelho", e nota ainda que os dados são relativos a 2011.

"A estação de recolha de dados do ar que existe no concelho e que mede estes parâmetros está instalada junto à Siderurgia Nacional (SN), a maior fábrica de produção de aço do país", informa a câmara em comunicado. E continua: "Se fosse possível medir a qualidade do ar em qualquer outra zona do concelho que não na área de influência do Parque Industrial da SN, estes valores seguramente seriam muito mais baixos."

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou no final da semana passada um estudo segundo o qual 13 de 15 cidades portuguesas monitorizadas ultrapassam os níveis de poluição considerados seguros para a saúde pública, sendo que o Seixal é onde se respira pior. Em causa estão as partículas em suspensão no ar, um dos dois poluentes mais preocupantes na Europa, juntamente com o ozono.

A OMS recomenda que a concentração de pequenas partículas, com até 10 milésimos de milímetros de diâmetro e conhecidas pela sigla PM10, não ultrapasse 20 microgramas por metro cúbico de ar, numa média anual. Segundo o estudo, a qualidade do ar piorou na maioria das zonas urbanas do planeta, aumentando o perigo de doenças respiratórias e coronárias e outras complicações associadas à poluição atmosférica. Em 2012, terão morrido 3,7 milhões de pessoas devido a doenças relacionadas com a poluição do ar.

Nesta quarta-feira, a autarquia do Seixal, presidida por Joaquim Santos, sublinhou ainda que os níveis atingidos na área de influência da SN estão abaixo dos níveis definidos pela legislação nacional - que são mais altos do que os limites recomendados pela OMS -, mas admitiu que a situação preocupa o município.

Por isso, a Câmara exigiu ao ministério do Ambiente que obrigue as unidades industriais instaladas nos terrenos da antiga Siderurgia Nacional a cumprir a legislação em vigor e pediu à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT) que instale mais estações de medição da qualidade do ar no concelho.

Sublinhando que "tem como grande preocupação a saúde e o bem-estar da população", a autarquia garante que tem introduzido várias medidas para o conseguir. Essas medidas, segundo a nota, passam pelo cumprimento da legislação em vigor por parte das unidades industriais instaladas nos terrenos da antiga Siderurgia Nacional, mas também pelo aumento da oferta do transporte ferroviário e marítimo de mercadorias que circulam para a SN Seixal e pelo alargamento da oferta de transporte público como o Metro Sul do Tejo.

 

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