Universidade do Minho faz "queima experimental" para estudar efeitos do fogo no solo

Conclusões deverão ser conhecidas dentro de um ano.

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A GNR contabiliza para já 10.548 incêndios, que correspondem a 100.270 hectares de área ardida n/FACTOS

O departamento de Geografia da Universidade do Minho realizou esta terça-feira, em Santo Tirso, uma "queima experimental com a técnica de fogo controlado", exercício com "fim científico" que visa estudar os efeitos do fogo no solo e prevenir incêndios florestais.

No início do exercício, o professor de Geografia da Universidade do Minho (UMinho), Bento Gonçalves descreveu aos jornalistas que Portugal tem “uma característica bioclimática muito interessante porque o crescimento do combustível é particularmente rápido”. “Temos áreas em que ao fim de três anos temos dez toneladas de combustível por hectare o que poderá gerar incêndios de alta intensidade", mencionou.

O docente explicou que existem "várias técnicas para reduzir o combustível e uma dela é pelo fogo", pelo que ao longo da manhã desta terça-feira foi feita uma "queima experimental" no eucaliptal da Samoça, em Reguenga, arredores de Santo Tirso.

Este teste está inserido no projecto SoilProtec, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) e foi realizado em parceria com a Câmara de Santo Tirso.

De acordo com o técnico florestal, Paulo Bessa, esta terça-feira foi simulado "um fogo de pouca intensidade e um fogo de maior intensidade, como um incêndio, aplicando as técnicas do fogo controlado".

Foram experimentadas técnicas de flanco, contra o vento e contra declive sempre tendo por objectivo o "fim científico". "Isto serve para testar medidas de mitigação após incêndio. Acontece o incêndio, particularmente no verão quando o nosso clima é particularmente seco e húmido, e segue-se o outono particularmente chuvoso. Os nutrientes ficam disponíveis no solo e as primeiras chuvas empobrecem o solo. Então, testamos medidas mitigadoras para tentar reduzir estas situações", descreveu Bento Gonçalves.

A par da "queima experimental" feita na zona da Reguenga, foram instalados "sensores para ver qual é a temperatura que se atinge ao nível do solo e em profundidade" e parâmetros como taxas de erosão e 'ph' dos solos vão ser monitorizados ao longo de dois anos. "É particularmente importante o uso do fogo para reduzir a hipótese de termos incêndios dramáticos. Daí fazermos esta queima experimental aqui. A UMinho vai tentar ver os efeitos deste tipo do fogo nas propriedades dos solos", continuou o docente.

A UMinho trabalha estas matérias desde 1988. No entanto, concentrou maiores esforços "desde os grandes incêndios do Gerês", disse o professor de Geografia, que, quanto a conclusões, espera ter algumas dentro de um ano.

Para o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, "esta iniciativa é útil", na medida em que dele "pode surgir um acrescento técnico benéfico para o combate aos incêndios e para restaurar a floresta de um modo sustentável e inteligente".

Estiveram envolvidos nesta experiência seis operacionais dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso e cinco da equipa de Sapadores, bem como duas viaturas e técnicos florestais. 

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