Produtores de fruta e Governo unem-se para impulsionar investigação científica

Produtos portugueses têm aroma, cor e sabor mas não há dados académicos que ajudem a fileira a promover melhor a fruta.

Foto
Exportações de fruta dos associados da Portugal Fresh cresceram 26% em três anos Nuno Ferreira Santos

Têm aroma, sabor e cor, mas falta a verdade científica para ajudar a vender a fruta portuguesa a clientes estrangeiros e nacionais. Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, diz que o país irá assistir a um expressivo aumento da produção, graças à duplicação da área destinada a alguns tipos de fruta (como a maçã ou a pêra), mas não é cá, em Portugal, que as empresas do sector procuram e obtêm conhecimento científico sobre o produto, garante.

“Toda a investigação devia ser feita em consonância com as empresas. É bom ter as universidades a estudar a diferenciação dos produtos portugueses para termos base científica que prove essa diferenciação e podermos mostrá-la aos clientes”, disse, à margem da primeira reunião que, nesta sexta-feira, se realizou no Ministério da Agricultura para discutir a criação de um centro de competência para esta fileira. O encontro juntou cerca de 13 empresas e produtores com Assunção Cristas e Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar.

Manuel Évora sublinha que em três anos os produtores da Portugal Fresh aumentaram em 26% as exportações e isso “só é possível com fruta de qualidade”. Falta, agora, juntar as universidades no estudo das características específicas da produção nacional.

Assunção Cristas, ministra da Agricultura espera que, até ao final do ano, seja possível ter esta estrutura a funcionar. Será semelhante ao centro de competências do sector do tomate, cujo protocolo foi assinado recentemente pelo ministério, a Associação dos Industriais do Tomate e a Confederação dos Agricultores de Portugal. No caso da fruta, a intenção também é juntar os organismos do Estado que já fazem investigação, as universidades e as empresas e “trabalhar num caderno de encargos para dar respostas essenciais e manter a dinâmica da fruticultura, reforçá-la e lançá-la para o futuro”, adiantou Assunção Cristas.

Na prática, ajudar as empresas a melhorar a produção, a conservação e a comercialização dos seus produtos, através de uma relação estreita com o mundo científico nacional. “Trata-se de valorizar a fruta nacional. E explicar por exemplo, por que razão as laranjas do Algarve são melhores do que as de Espanha”, acrescenta a ministra.

Depois deste primeiro encontro com os produtores, haverá novas reuniões com as câmaras municipais e as universidades. O Governo quer ainda “aproveitar o próximo quadro comunitário de apoio para obter financiamento”. O Ministério da Agricultura quer ainda alargar a criação dos centros de competência a outras fileiras, como leite, o azeite, as carnes e o mel e alinhar todas as entidades que, de alguma forma, intervêm em cada um destes sectores para partilhar conhecimento.

Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação, lembra que o Estado tem um “conjunto de estruturas que necessitam de ser rentabilizadas e transformadas em [unidades de] investigação mais aplicada”. Tratam-se dos laboratórios tutelados pelo Ministério da Agricultura e do Mar que prestam, actualmente serviços ligados à investigação, saúde pública, segurança alimentar, sanidade animal e fitossanidade. O Governo já anunciou, aliás, a reestruturação e encerramento de alguns pólos. Nuno Vieira e Brito defende que a investigação “é um acto de parceria” e a sustentabilidade da agricultura “tem de ser conseguida através do conhecimento partilhado por todos”.
 

   





Sugerir correcção
Comentar