Governo "cumpriu a missão" e não esqueceu a justiça social, proclama Passos Coelho

Presidente do PSD aproveitou sessão comemorativa dos 40 anos do partido para dizer que o Governo já conseguiu resgatar a autonomia financeira de Portugal, e não esqueceu que falta promover uma distribuição mais justa da riqueza.

Perante mais de mil militantes do PSD reunidos na Alfândega do Porto para evocar os 40 anos do partido, Pedro Passos Coelho afirmou neste terça-feira que “a primeira missão” confiada pelos portugueses ao Governo que lidera foi “cumprida”, com o resgate da autonomia e da liberdade de decisão do país, com a chamada “saída limpa” do Programa de Assistência Económica e Financeira. “E não defraudamos ninguém”, enfatizou o presidente do PSD, acrescentando, porém, que não foi apenas para isso que os eleitores mandataram o partido.

Para Passos Coelho, ainda há reformas por fazer na sociedade. Há ainda um grupo de portugueses que “continua a concentrar uma fatia demasiado elevada de riqueza”. E como o PSD se assume fiel à matriz social-democrata, sublinhou, o Governo promete promover a mobilidade social e contrariar a “cristalização de privilégios que, sem intervenção pública, se perpetuam”.

O PSD, insistiu, não esqueceu a “marca reformista”. “Não é o Estado que define o modelo de felicidade, mas tem a obrigação de preservar a liberdade de escolha de cada um e de criar igualdade de oportunidades”, disse o dirigente, para quem, até agora, só houve hipótese de se proteger os mais fracos e de pedir maiores sacrifícios a quem mais tinha, sem ir muito mais longe. “Em casa onde não há pão…” “Quando se chega à bancarrota, é difícil pensar que conseguiremos oferecer a cada um igualdade de oportunidades. Por isso dizemos que o Estado Social tem de ser defendido com responsabilidade. Os que mais falam de Abril foram os que puseram mais em causa o Estado Social”, atirou.

No PSD, dissera antes Passos Coelho parafraseando Sá Carneiro - homenageado com um minuto de silêncio -, encontrarão um partido que “não enche a boca com Abril”, mas tem Abril no coração e trabalha para concretizar os ideais de desenvolvimento associados à revolução de 1974. Que é como quem diz, que governa com “os pés no chão”. 

As eleições europeias também ocuparam parte do discurso do líder do PSDe dos vídeos exibidos na sessão evocativa dos 40 anos do partido. “Não nos andamos a contorcer para dizer que fizemos tudo para ganhar as eleições”, disse Passos Coelho cerca de uma semana depois de Jorge Coelho ter afirmado que o PS tinha que ganhar as europeias “custe o que custar”. Pelo contrário, o presidente do PSD prometeu que o partido não governará “para agradar” e até convidou os eleitores a baterem à porta do lado, “se sentirem que têm mais possibilidades aí” de ficarem satisfeitos.

Mas Passos também puxou pelos pregaminhos europeus do PSD. Depois de lembrar que Sá Carneiro idealizou uma sociedade pluralista, europeia, livre da tutela militar - a extinção do Conselho da Revolução, pela revisão constitucional de 1982, continua a ser uma bandeira erguida pelos sociais-democratas -, Pedro Passos Coelho lembrou que foi com Francisco Pinto Balsemão como primeiro-ministro que se começaram a negociar "os primeiros dossiers sérios" relativos à adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.

Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia, foi o único antigo líder do PSD - Balsemão, um dos fundadores e militante n.º 1 falou, mas na qualidade de presidente da comissão organizadora das comemorações - a intervir, através de mensagem vídeo gravada. E elogiou o Governo por ter conseguido uma saída "sólida" do programa de assistência negociado com a troika e ter feito com que se voltasse a olhar para Portugal com "muito respeito".

Paulo Rangel, cabeça de lista da Aliança Portugal, apelou ao voto nesta coligação PSD/CDS nas eleições de dia 25 e defendeu que o PSD foi "o principal artífice da construção europeia após 1986".

Passos Coelho recordou que foi integrado na União Europeia  - e com governos do PSD - que Portugal conheceu a sua fase mais próspera e defendeu que hoje a Europa até está "mais solidária". "Temos essa experiência", reforçou, perante uma imensa plateia, quase sempre calorosa, que parecia relutante em concordar. "Seria trágico, se não tivessemos podido contar com a solidariedade dos nossos parceiros europeus. É bonito lembrar estas coisas, mesmo quando muitos acham que isto não dá voto nenhum". E lá arrancou alguns aplausos

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