Já conhecemos o pronto-a-vestir, agora é a vez da moda de autor espanhola

A moda espanhola veio a Lisboa para mostrar o que tem no armário. Os Días de Moda trazem à Embaixada de Espanha uma exposição com criações para o próximo Inverno e conferências. Em Setembro Portugal será país convidado de uma feira de negócios em Madrid

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O embaixador espanhol em Lisboa abre as portas da sua casa para mostrar moda de autor espanhola Francis Nogueira

É sempre uma surpresa entrar nos jardins interiores de um palácio no centro da cidade. No caso do Palácio Palhavã além das cadeiras senhoriais, das paredes e dos tectos decorados, encontramos agora manequins com peças de criadores de moda espanhóis desenhadas para o dia-a-dia. É tudo Made in Spain: A moda espanhola para Lisboa e para o mundo, a exposição que se instalou na residência do embaixador espanhol em Lisboa por causa de os Días de Moda – são 29 autores, alguns habituados a desfilar na semana da moda de Madrid, a Mercedes-Benz Madrid Fashion Week.


Perante os manequins, ficamos na dúvida se são peças para tocar e usar ou se as devemos olhar com respeito e distância, como peças de museu. Quando olhamos para os sapatos de Manolo Blahnik, ou para os vestidos de Roberto Torrentta ou Amaya Arzuaga, não há dúvida de que é arte que se usa. “Há aqui vários designers que vendem em Portugal e muitos mais que fabricam em Portugal [como Agatha Ruiz de la Prada, que tem 80% da sua produção no país]. Quando falamos da indústria espanhola, falamos da indústria portuguesa, por isso abrimos a exposição” ao público em geral, diz Modesto Lomba, criador e presidente da Associação de Criadores de Moda de Espanha (ACME), que se junta à embaixada para a organização desta semana dedicada à moda espanhola. 

A iniciativa parte da Embaixada de Espanha em Lisboa, mas já esteve em moldes semelhantes em Londres e Paris, e na próxima semana partirá para Miami. Trata-se de comunicar a moda de autor espanhola, já que a moda rápida de grupos como a Inditex, que detém a Zara, já é bem conhecida em todo o mundo. Mas também há a vontade de fazer negócios, algo que, segundo Modesto Lomba, foi particularmente rico em Paris.

Portugal é um destino natural neste ciclo de viagens da moda espanhola pelo mundo – Portugal e Espanha precisam um do outro tanto na produção como no consumo, lembra Francis Montesinos, criador de moda e organizador, já em Setembro, da primeira feira de negócios em Madrid que junta moda, têxtil, calçado, acessórios, bijutaria e relojoaria. O evento, que quer ser o grande pólo de negócios destas indústrias no Sul da Europa, terá Portugal como país convidado. Na Feria de Madrid, entre 10 e 16 de Setembro, a ideia de Montesinos é criar um pólo ibérico que junte todos os sectores e que possa atrair mais visitantes de toda Europa e não só dos países mais próximos, como França e Itália.

“Espanha é muito mais conhecida pela moda rápida, por causa da Zara e da Inditex”, admite Modesto Lomba. “O sector empresarial é importante, mas o lado criativo tem que ter um bom peso. Este sector não existe sem a criatividade”, frisa, acrescentando que a Inditex apoiou a organização deste evento de moda de autor, por exemplo, cedendo os manequins que vemos na exposição onde se misturam nomes com uma presença comercial em Portugal e outros mais focados no trabalho de atelier e que, por isso, não são muito conhecidos por cá. E, defende Montesinos, estes são os criativos que realmente precisam de ser divulgados, por não terem estruturas de promoção e comunicação integradas.  

“Falar de moda é sempre uma conversa abstracta, mas é uma forma de activar a procura, o comércio, a indústria e o próprio consumo real de um país. A moda é um comunicador da marca Espanha, uma forma de falar de todo o país”, diz Modesto Lomba. Para literalmente falar de moda, o programa Días de Moda organiza conferências que juntam criadores e especialistas dos dois países (os portugueses Luís Onofre, Filipe Faísca, Nuno Gama e Tony Miranda, Nuno Gama ou Ricardo Preto e os espanhóis Juanjo Oliva, Roberto Verino, Montesinos ou Lomba, a par de representantes da moda rápida espanhola ou de associações do sector) em três conferências na quinta-feira no Instituto Cervantes para explorar três faces da indústria da moda – o desenho, a técnica e o negócio. 


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