A Presença das Formigas fez um Pé de Vento e anda com ele pelo país fora

Pé de Vento, o novo disco do grupo A Presença das Formigas, estreia-se esta quarta-feira no Porto, no Teatro Helena Sá e Costa, às 21h30.

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A Presença das Formigas Ricardo Chaves

Em 2009 receberam o prémio Zeca Afonso no Festival Cantar Abril. E isso abriu-lhes as portas à gravação de um disco, Ciclorama, bem recebido pela crítica. Cinco anos passados, estão de volta com novo disco, Pé de Vento. O grupo chama-se A Presença das Formigas e se no primeiro disco tinha contado com a participação de músicos como Amélia Muge, Ricardo Matosinhos e o escocês Fraser Fifield, no novo disco têm ao seu lado João Afonso, João Paulo Esteves da Silva e o cantautor espanhol Luis Pastor, além de vários instrumentistas e dos ex-membros do grupo.

Sim, porque o grupo foi remodelado em 2013. Algumas pessoas, diz-nos Manuel Maio, “por força das suas opções de estudo e profissionais tiveram até que sair do país.” Mantiveram-se Manuel Maio (violino, bandolim, voz), André Cardoso (guitarras) e Miguel Cardoso (baixo) e entraram Nuno Silva (acordeão), Rui Lúcio (bateria, percussão) e Sara Vidal, ex-Luar na Lubre (voz).

“Quando comecei a pensar mais neste disco”, diz Manuel Maio, “foi quando concorri para uma residência artística em Serpa, destinada a jovens criadores, promovida pelo Centro Musibéria.” O projecto que ele apresentou foi a gravação do segundo disco d’A presença das Formigas. Já tinha ideia da temática que queria abordar (a partida), mas foi no processo de concepção do disco que ela se começou a definir melhor. “A semente para este disco, que depois mudou completamente de direcção, foi As Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira. Até ponderei mesmo fazer um disco passando pelos vários capítulos do livro, numa adaptação livre. Mas a hipótese foi posta de parte e pensei numa viagem, ideia que se calhar também remete muito para o universo do Fausto.”

Ele não quis ir para uma ideia de mar, que já estava no disco anterior (até no desenho da capa) e por isso este disco é mais “terra”, mostrando na capa (de novo com desenhos do mesmo autor, Danylo Gertsev) um horizonte, um viageiro e um rio. “O rio marca uma fronteira, de partida para uma outra margem, de certa forma. Cedo percebemos que não ia ser uma viagem, mas apenas uma partida. O que é que a motiva? É uma partida literal, uma deslocação física, ou uma partida interior? E quais são as suas consequências?” Foi com base nestas interrogações que Manuel Maio partiu para a composição dos temas – que são dele, na quase totalidade, à excepção de Orla dos malditos, de André Cardoso e de um outro, tradicional, Senhora do Almortão.

Pé de Vento, o nome do disco, segundo Manuel Maio, “é algo que tem a ver com a ilustração da capa e ao mesmo tempo resume o tema. Pode ser entendido como uma lufada de vento e algo que empurra alguém para fazer alguma coisa; pode também ser interpretado como um pé de vento, uma pessoa que não consegue estar no mesmo sítio e tem tendência a sair; ou ainda que, com a música, podemos levantar um turbilhão de ideias, pensamentos e acções. Eu vinha a cantarolar um tema do Fausto, Coça-Barriga, “tu vais ver só / o pé de vento que se vai levantar/ comigo a rodopiar”, e disse para comigo: vai ser Pé de Vento.” Ora é este Pé de Vento que, depois de mostrado em Coimbra, a 24 de Abril, estreia-se esta quarta-feira ano Porto, no Teatro Helena Sá e Costa, às 21h30.

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