Greve na Amarsul condiciona recolha de lixo nos municípios da península de Setúbal

Autarquias abrangidas pela empresa apelam à população para que evite colocar resíduos na via pública.

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Em causa está a privatização da EGF, que vai levar à privatização das 11 empresas multimunicipais de gestão do lixo Enric Vives-Rubio/ARquivo

Os trabalhadores da Amarsul, empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos dos nove municípios da península de Setúbal, estão em greve nesta quarta-feira e na sexta-feira. As autarquias abrangidas admitem que a recolha do lixo pode ficar condicionada e pedem aos munícipes que evitem depositar resíduos na via pública.

O protesto, convocado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, dura entre as 00h e as 24h nesta quarta e na sexta-feira, uma vez que na quinta-feira é feriado e não há habitualmente recolha. Os trabalhadores manifestam-se em defesa dos postos de trabalho e contra a privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF), sub-holding do grupo estatal Águas de Portugal para o sector dos resíduos. A EGF é accionista maioritária das empresas responsáveis pelos 11 sistemas multimunicipais de gestão de lixos urbanos, entre as quais está a Amarsul.

Em comunicado, o STAL diz que o objectivo da greve é “travar a privatização da EGF, processo já iniciado pelo Governo, à revelia dos trabalhadores e dos municípios, que detêm 49% do capital da Amarsul”. Os trabalhadores protestam também contra os cortes nos salários e na remuneração das horas extraordinárias, pelo direito ao descanso compensatório e pelo cumprimento do acordo de empresa.

A paralisação deverá afectar a recolha de lixo nos municípios servidos pela Amarsul – Seixal, Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Sesimbra e Setúbal. A empresa assegura a recolha selectiva e valorização dos materiais recicláveis naqueles concelhos e é também responsável pela gestão dos aterros sanitários para onde são enviados os resíduos sólidos urbanos produzidos naquela zona.

Em comunicado, a Câmara do Barreiro diz que irá reforçar a recolha de lixo antes e depois da greve. “Tendo em conta que, durante o período da greve, poderá não ser possível depositar os resíduos recolhidos no Ecoparque [de Palmela], a autarquia apela à compreensão e colaboração de todos, uma vez que esta situação poderá provocar dificuldades na recolha” de lixo. A autarquia salienta que “apoia as reivindicações dos trabalhadores da Amarsul e tem também manifestado, através de diversas formas, a sua oposição relativamente à privatização do sistema de recolha de resíduos”.

Também a Câmara de Almada emitiu um comunicado no qual alerta para os efeitos da paralisação. “A recolha da reciclagem nos ecopontos também poderá ser afectada entre os dias 30 de Abril [quarta-feira] e 4 de Maio [domingo], uma vez que a Amarsul é responsável pela recolha selectiva de papel, vidro e embalagens”, lê-se na nota. A autarquia, que também se tem oposto à privatização da EGF, apela à compreensão da população e pede que não sejam depositados resíduos na via pública.

A Câmara do Seixal faz o mesmo apelo. “O município está solidário com a luta dos trabalhadores desta empresa pública, que perante o cenário de privatização da empresa e entrega do património público aos grandes grupos económicos e financeiros, foram obrigados a convocar esta greve”, escreve a autarquia em comunicado.

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